segunda-feira, 31 de outubro de 2011

La Coupole

Quando aqui morei com minha irmã, meu ex-cunhado e com um Basset-Hound de nome Sherlock – o mais inteligente e mais manhoso cachorro que tive – o La Coupole foi o primeiro restaurante que conheci em Paris.

Era final de 1978 e tinha apenas 13 anos e, devo dizer que, me marcou a ponto de lembrar detalhes como que era um almoço de domingo, que fomos em companhia de um casal amigo de nossos pais – Pierre e Gilda Colin – e até qual carro usamos, um Citroën GS.

Para os brasileiros, o La Coupole é uma parada obrigatória tanto como o Le Ralais de l’Entrecôte, mas para os franceses o La Coupole é uma verdadeira instituição, sendo um dos restaurantes mais conhecidos da cidade.

Por muitos anos permaneceu como um dos principais pontos de encontro dos artistas e dos intelectuais da Europa e lá poderíamos encontrar Jean Cocteau, Joséphine Baker, Man Ray, Georges Braque, Picasso, Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, André Malraux, Marc Chagall, Édith Piaf, Ernest Hemingway, Marlène Dietrich, Ava Gardner, Henri Cartier- Bresson, Luis Buñuel, Henry Miller, Anais Nin, Serge Gainsbourg e até Jane Birkin.

Foi inaugurado em 1927 no número 102 do Boulevard du Montparnasse, no 14éme arrondissement e com uma decoração composta por mosaicos cubistas, exibe uma particulariedade: suas colunas foram pintadas por 27 artistas, entre eles: Alexandre Auffray, Isaac Grunewald, Louis Latapie, David Seifert e Victor Robiquet.

Em 1985, por conta de uma infiltração, uma destas pinturas foi destruída e houve um concurso – onde os clientes votaram a fim de escolher o artista que a substituiria – saindo como vitorioso sobre outros 24 concorrentes, Ricardo Mosner.

No ano de 1988 uma nova coluna foi construída e sua pintura ficou à cargo de Michel Bourbon e, desde então, a decoração do La Coupole é, desde 1988, classificado como Monumento Histórico da França.

No cardápio há opções de “formules” (combinações mais baratas) e diversas opções de entradas e pratos, com destaque para o tradicional curry de cordeiro – sempre servido por um atendente em trajes tamoul e preparado segundo a receita original – e ainda saladas, ostras variadas, foie gras, trutas, carnes, peixes e grandes “plateaux” de frutos do mar.






domingo, 30 de outubro de 2011

Outono em Paris

Este é um post para ver mais do que para ler mas, em todo o caso, cabe dizer que o outono - bem mais do que a primavera - é a minha época favorita do ano em Paris.

Há uma energia contagiante das pessoas que voltaram para a cidade vindo das férias de verão e, do meio da estação até o seu fim, com a chegado do inverno, começa uma intensa temporada de exposições, uma grande agenda de shows e filmes novos e muitos outros eventos.

A temperatura é fresca, sem quente ou frio em demasia e podemos andar por toda a cidade vendo cores opostas às da primavera, mas talvez, para olhos brasileiros, ainda mais bonitas, fazendo uma mistura inebriante.







sábado, 29 de outubro de 2011

Le Cafe du Centre

No domingo passado fomos, minha sogra, minha mulher, o coleguinha Antônio Ribeiro (mestre do jornalismo, correspondente da Veja nestas bandas) e o filho dele, Lucas, em busca de uma mesa no Joe Allen, lendário restaurante de hamburgueres, com origem em New York e filiais aqui em Paris e em Londres.

Chegando lá nos deparamos com uma espera de cerca de 1 hora e, como estava faminto, coloquei a culpa no Luquinhas e disse ao resto do grupo que era um absurdo deixarmos a criança sem comer até aquela hora – uma tremenda cara-de-pau minha, porque ainda era apenas 13h10.

Dali fomos bater perna, apressados, pela famosa zona de pedestres do Quartier Montorgueil, de onde estávamos muito perto. Íamos andando e a discussão comendo solta, um queria massa, outro queria carne, outra pensava em um tailandês.

Até que passei por uma esquina, percorrendo a própria Rue Montorgueil, onde há o mercado de rua mais antigo de Paris, onde me deparei com uma mesa onde havia duas coisas maravilhosas: um lindo bacon cheeseburger e um apetitoso cheesecake.

Nem pensei duas vezes, corri para dentro do lugar e pedi logo a mesa, no que fui seguindo pelo Luquinhas, pelo Antônio, por minha sobre e, finalmente e muito a contra gosto, por minha mulher, que buscava algo mais “branché”, é claro.

No final das contas todos saímos muito bem impressionados com a simplicidade e o sabor das entradas e dos pratos servidos e, é claro, o meu pedido foi: seis escargots, um bacon cheeseburger e o lindo cheesecake.

O lugar? È verdade, já ia me esquecendo: Café du Centre, no número 57 da Rue Montorgueil.








sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Gavottes: o melhor crêpe dentelle

Desde 1920, a LOC Maria produz em Dinan, na Bretagne, os mais famosos crêpe dentelles de toda a França: Gavottes, cuja a receita é única e sua fórmula é um segredo, como a receita da Coca-Cola.

São macias e crocantes ao mesmo tempo, são frescas e leves e, garanto, impossíveis de comer um só - nem vou escrever muito, basta olhar as fotos.





quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Je vous remercie, mes amis!

Hoje o perfil no Facebook completou 116 dias e ultrapassou da marca de 2.000 amigos e o blog conta quase 8 mil visualizações, sendo acessado por usuários dos seguintes países: Brasil, França, Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Grâ-Bretanha, Rússia, Espanha, Bélgica, Holanda, Itália, Índia e Hungria.

Recebo e-mails com críticas, elogios e sugestões o tempo todo e isso é muito gratificante.

Queria deixar o meu carinho e o meu agradecimento para cada um de vocês, que são a razão pela qual tento escrever cada vez melhor sobre as mais variadas experiências e dicas possíveis.

Muito obrigado.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Le Rallye-Tournelle e Tintin

Ao lado do La Tour D’Argent, no número 11 do Quai de la Tournelle, fica o Rallye-Tournelle, que é um café, um tabac, um bar e também um clube de jazz, com diversas apresentações ao vivo, sempre às quintas e aos sábados.

Nesses dias, para meu completo desespero, o tímido espaço fica ensurdecedor com o som dos músicos e minhas paredes tremem, já que minha casa é no prédio ao lado.

Além do bom jazz, o lugar é famoso por seu chocolate quente e por seu filé com fritas.

E o que o Tintin tem a ver com isso? Bem, até pouco tempo atrás o lugar era decorado com posteres, livros, gravuras, miniaturas dedicadas ao herói e seu famoso escudeiro, o Capitão Haddock.

Tem um ambiente familiar, onde o próprio dono conversa com todos e serve à uma amigável e eclética, mas que sempre estão lá buscando seu cafezinho ou o “prato do dia”.

Arrisco dizer que o local parece um cenário de filme. Francês, é claro.





terça-feira, 25 de outubro de 2011

Le Relais de L'Entrecote

Devo iniciar com uma confissão: embora a comida seja deliciosa e realmente esta ser uma fórmula de sucesso há 52 anos, eu detesto as filas nas portas de todas as suas filiais, sem excessão.

Dito isso, vamos ao que interessa: o Le Relais de L'Entrecote é um lugar onde todos os brasileiros – notadamente os cariocas, os quais acredito que sintam uma certa familiaridade com o Braseiro da Gávea – amam de paixão.

É uma espécie de fast-food europeu onde se serve um único tipo de salada (alface, nozes e um molho “secreto”) e um único tipo de prato (filé com fritas – esta podendo ser repetida à vontade – e um molho também  “secreto”) onde as suas únicas escolhas serão o ponto de sua carne, as suas bebidas e as suas sobremesas (recomendo os profiteroles).

Seu preço é razoável e há três endereços em Paris e um em Genève:

101, Boulevard du Montparnasse, Paris 6éme – 01 56 33 82 82
20, Rue Saint-Benoît, Paris 6éme – 01 45 49 16 00
15, Rue Marbeuf, Paris 8éme – 01 49 52 07 17
49, Rue du Rhône – Genève – (41) 22 310 60 04




segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Reims além do champagne

A Catedral de Notre-Dame de Reims é uma das catedrais mais imponentes de toda a França e juntamente com a Catedral de Chartres, são as catedrais góticas mais importantes do país – batendo inclusive a Catedral de Notre-Dame de Paris – e foi um dos primeiros monumentos classificados como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, recebendo anualmente 1,5 milhões de visitantes.

Reims já era sede do bispado de Champagne no ano 250 e sua influência era tão importante que se acredita que a conversão dos estados germânicos ao catolicismo foi conseguida graças aos seus religiosos.

Mas foi apenas em 1211 – quase mil anos depois – que o arcebispo Aubrey de Humbert assentou a pedra fundamental da nova catedral, que teve terminou em 1516, com 6.650 m2 e uma nave com 139 metros de comprimento, 13 metros de largura e 35 metros de altura.

Uma curiosidade: apesar de seus famosos vitrais datarem, em sua maioria, do Século XIII, os três vitrais da capela axial foram executados em 1974 por Marc Chagall.

A Catedral de Reims foi o berço da coroação dos Reis da França: 29 monarcas franceses foram coroados nela, entre 1027 e 1825, entre eles os mais famosos Reis da Idade Média (Philippe Auguste, Louis IX, Saint Louis, Philippe IV, Charles VII), da Renascença (François I) ou da Época Clássica (Louis XIII, Louis XIV, Louis XV, Louis XVI) e ainda o último Bourbon da Restauração (Charles X).

A cerimônia de coroação era simples, apesar da pompa: o rei recebia as insígnias de cavaleiro, a espada e as esporas de ouro, que faziam dele o braço secular da Igreja. Depois ajoelhava-se diante do Arcebispo, era ungido com o crisma da Santa Ampola na cabeça, no peito, nos ombros e também nas articulações dos braços e das mãos para, em seguida, receber o anel e o cetro da justiça.

Em 2011 a Catedral de Reims comemorou 800 anos com espetáculos que se repetiram todos os fins de semana, desde 6 de maio até ontem e que contaram com apresentações do "Te Deum" e com jogos de luz e sombra que reproduziram as cores originais de sua fachada usada no século XIII.












domingo, 23 de outubro de 2011

A baía do Monte Saint-Michel

Situada no limite da Normandia com a Bretanha e com uma superfície de cerca de 500 km2, a baía do Monte Saint-Michel constitui a mais vasta extensão de prados salgados e de aterros drenados de toda a França.

Além de ser invadida pelas maiores marés da Europa, com uma diferença entre a maré alta e a maré baixa que pode chegar até 15 metros, a velocidade com que estas marés vazam ou enchem, é espantosa.

Ao longo de seus baixios, com cerca de 10km de extensão, há grande diversidade de ambientes naturais com exibe fauna e flora excepcionais embora atualmente a ilha do Mont Saint-Michel só fica cercada por água nas grandes marés equinociais e, mesmo assim, apenas por poucas horas e somente em cinquenta e três dias por ano.

Para devolver a sua condição original de ilha, até o final de 2015 grandes obras já estão em curso: a planificação da baía, a nova barragem no Rio Couesnon, obras de dragagem e ainda o recuo do dique-estrada e do estacionamento.




sábado, 22 de outubro de 2011

Amesterdam é mesmo uma beleza.

Confesso que, desde a primeira vez que havia ido à Amsterdam para comprar a licença para o Brasil da exposição “Rembrandt, uma vida em 180 obras”, não tive boa impressão da cidade.

E não falo do ponto de vista da sua importância histórica, da beleza de sua arquitetura e de seus canais ou mesmo da simpatia de seus habitantes: não sei se por conta da época, era verão e a cidade que é bem pequena, estava apinhada de turistas – a maioria muito mal educada e... “doidona”.

Ou talvez fosse ciúmes quando algum amigo me dizia que deixaria minha amada Paris para passar poucos dias em Amsterdam, o que era, até pouco tempo atrás, imperdoável para mim.

Claro que nesta ocasião fiz o básico de um turista de primeira viagem: passeio de barco pelos canais, a Casa de Anne Frank, o Rijksmuseum, o Museu Van Gogh, a Casa de Rembrandt, o quarteirão da Antiga Sinagoga Portuguesa e o prédio da primeira bolsa de valores do mundo, o Beurs van Berlage, hoje o Berlage Exhibition Centre - onde a tal exposição estava acontecendo.

Mas durante essa semana que passou pude, apesar de ter ido à trabalho, andar pelas ruas, frequentar lugares com holandeses e percebi uma gente amável, simpática e linda - é mesmo impressionante como são bonitos, homens e mulheres - e, devo confessar que a cidade me conquistou.

Antes que esqueça: essa exposição poderá ser visitada por Cariocas, Mineiros e Paulistas ao longo de 2012 que, se valendo de cópias certificadas e mostrará, em ordem cronológica, um total de 184 telas e 50 estudos em seus tamanhos reais, produzidos através de nova tecnologia desenvolvida que é capaz de imprimir em papel, com a mesma aparência, textura e luminosidade das telas originais.

Esta exposição é a prova de como a tecnologia pode democratizar a cultura no mundo: ela reúne obras que estão espalhadas pelos quatro cantos do planeta, obras que foram danificadas ou até perdidas, trazendo toda a genialidade e um dos mais admirados pintores de todos os tempos para perto da população da cidade que a receber.