sexta-feira, 31 de maio de 2013

O Chez René revisitado e sua grande coincidência




Em julho de 2009 fui à Amsterdam para visitar uma exposição de Rembrandt a fim de comprar sua licença para o Jornal do Brasil - onde trabalhava à época - e levá-la para cidades do Brasil e, na volta, ficaria 16 dias na França, divididos entre Paris e Strasbourg e um grande amigo, Reinaldo Paes Barreto - verdadeiro gentleman e gourmet de primeira - me fez uma pequena lista com recomendações de restaurantes de culinária francesa tradicional, de terroir.

Encabeçava a lista o Chez René (que na ocasião também fora recomendado pelo Claude Troisgros), no 5ème, e que tem na na culinária lyonnaise o seu ponto forte com destaque para as carnes e, desde sua inauguração em 1957 se tornou um "patrimônio" do bairro, atraindo o respeito dos parisienses que apreciam a boa e farta mesa incluindo o falecido Presidente François Mitterand e que, segundo o Le Figaro, serve a melhor mousse au chocolat da Cidade Luz.

E lá fomo, num belo dia de céu azul claríssimo, ao Chez René para almoçar e, uma vez instalados em sua simpática varanda (era verão), comecei a reparar nos prédios em volta e comentei com minha mulher que, quando havia morado em Paris quando criança, esse quartier não era bem cuidado e que me surpreendi como estava bacana.

Apenas mês depois, em meados de agosto de 2009, chego em casa e conto duas novidades para minha mulher: a primeira é que deixaria o Jornal do Brasil em dezembro, e a segunda é nos mudaríamos para Paris no dia 31 do mesmo mês.

Vejam a coincidência: em setembro conseguimos alugar o apartamento que queríamos (onde moramos até hoje): no quarteirão seguinte ao do restaurante.

Além da excelente cozinha, seus preçõs são honestíssimos e grandes porções - ontem jantei lá e o prato do dia que pedi, uma maravilhosa blanquette de veau, super bem servida que custou apenas 15 Euros - há manobristas e animais são admitidos.

14, Boulevard Saint Germain
5ème arrondissement
Telefone: 01 43 54 30 23

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Há 582 anos Joana D'Arc morria na fogueira



Joana D'Arc foi queimada numa fogueira em praça pública a 30 de maio de 1431 na cidade francesa de Rouen. A jovem filha de camponeses liderou a luta contra a ocupação inglesa em 1429, na Guerra dos Cem Anos.

Napoleão Bonaparte certa vez disse: "Um francês pode fazer milagres ao ver a independência do país ameaçada". Ainda hoje, Joana D'Arc é um símbolo nacional para os franceses. Vários livros com sua biografia e diversos filmes foram lançados sobre a ingênua, porém corajosa filha de lavradores do interior da França.

Joana D'Arc nasceu em Domrèmy-la-Pucelle na noite de Epifania de 1412. Já em vida, havia se tornado uma lenda, as pessoas queriam vê-la e tocá-la. Em 1429, entrou para a história da França ao escrever uma carta ao chefe da ocupação inglesa onde dizia:

"Rei da Inglaterra, autointitulado regente do Império Francês, entregue à virgem enviada por Deus, imperador do céu, a chave de todas as cidades que Sua Alteza tomou dos franceses. Se não o fizer, Sua Alteza já o sabe, eu sou general. Em todo lugar na França que encontrar da sua gente, vou expulsá-la."

Teria sido ousadia ou ingenuidade a oferta feita por Joana, então com 16 anos, ao seu rei, Carlos 7º, de expulsar os invasores ingleses de Orleans e assim ajudá-lo a garantir-se no trono da França? Ao se apresentar como enviada divina, ajudou a projetar seu nome na história.

Oficialmente, ninguém contestava a necessidade de expulsar os britânicos. Mesmo assim, o rei e seus consultores preferiram mandar averiguar quem era aquela jovem. Doutores, religiosos, guerreiros, ninguém encontrou ressalvas à pura Joana, apenas o bem, a inocência, a humildade, a honestidade e a submissão.

Enviada por Deus

Joana apareceu para salvar os franceses justamente no momento em que eles acreditavam que apenas um milagre poderia ajudá-los. E a Joana vestida de guerreiro, um enviado de Deus, incorporou esta esperança. O povo via nela a concretização de um antiga profecia, segundo a qual a França seria salva por uma virgem. Uma propaganda ideal para a corte. Era a oportunidade para motivar suas tropas, que a esta altura estavam com a imagem um tanto desgastada.

Joana, a salvadora. Com o passar dos séculos, ela foi chamada de tudo: bruxa, prostituta, santa, feminista, nacionalista, heroína. Pelo ultraconservador Le Pen, na França atual, ela foi inclusive usada como símbolo contra os invasores modernos. E, na tela, é apresentada como um tipo de adolescente rebelde, altruísta, apegada aos ideais.

Mas, retrocedendo na história: depois que ela foi sabatinada por uma comissão da corte, recebeu o uniforme completo de cavaleiro e começou a lutar pela libertação. Orleans estava sitiada pelos ingleses há seis meses. Uma tropa de cinco mil homens pretendia forçar os 30 mil habitantes a se entregar. Apesar de não ser um integrante ativo nos planos dos militares franceses, o espírito de luta de Joana – e talvez apenas sua presença – trouxe a vitória aos franceses.

No dia 8 de maio de 1429, ela foi festejada pelos moradores de Orleans como enviada divina. E seguiram-se ainda muitas vitórias até a coroação de Carlos 7º em Reims. Os ingleses, derrotados, iniciaram uma conspiração contra Joana, que acusavam de bruxaria. Ela foi presa em 1430 e condenada pela Inquisição a morrrer na fogueira, depois de 20 meses de julgamento.

(Artigo publicado pela Deutsche Welle em 30.05.2013)

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Brasileira recebe Medalha do Senado francês



A brasileira Regina Costa Pinto Dias Moreira, restauradora de pinturas de coleções dos principais museus franceses, receberá nesta próxima sexta-feira (31) - Dia da América Latina e do Caribe - a Medalha do Senado francês, outorgada a uma personalidade de cada país Latino-Americano e do Caribe que tenha se destacado na sua área de atuação na França.

Regina, ao longo de sua carreira, teve a oportunidade de restaurar ou integrar equipes de restauração de diversas obras primas de coleções francesas provenientes das escolas italiana, flamenga, alemã, espanhola e francesa, incluindo Grandes Mestres como Tiziano, Rafael Sanzio, Bellini, Caravaggio, Holbein, Rubens, Cranach, Goya, El Greco, Poussin, Géricault, Manet, entre outros.

Em 2009, Ano da França no Brasil, Regina Costa Pinto restaurou obra de Nicolas Poussin pertencente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP).

terça-feira, 28 de maio de 2013

Gilles Epié e seu Citrus Étoile




O Citrus Étoile - restaurante do Chef Gilles Epié, que fica a dois passos dos Champs-Élysées e que é uma das melhores cozinhas da Cidade Luz, acaba de adotar uma decoração haute-de-gamme.

Na cozinha, Epié, un Chef globe-trotter, apresenta uma mistura exótica em suas criações: lá é normal que clássicos franceses venham com sabores asiáticos como a lagosta que convive com o leite de coco e um doce de wasabi com yuzu.

6, Rue Arsène-Houssaye
8ème arrondissement
Telefone: 01 42 89 15 51
www.citrusetoile.fr

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Sergent Recruteur: a estrela da Île de Saint-Louis

Avaliado pelo Guide Michelin com uma estrela, o Sergent Recruteur é realmente um restaurante surpreendente, não só por estar instalado em um prédio do Século XVI, mas por saber combinar sua excelência gastronômica com sua decoração: o resultado é uma experiência notável.

Podemos dizer a refinada e inventiva culinária do Chef Antonin Bonnet harmoniza perfeitamente com a bem humorada decoração "neo-medieval" criada pelo Grande Mestre espanhol do design, Jaime Hayon.

Desde sua abertura em 2012(antes no mesmo local funcionava a La Taverne du Sergent Recruteur, que tinha uma proposta totalmente oposta), a Île de Saint-Louis está no mapa de gourmets e gourmands de todo o mundo, apesar de seus menus não serem os mais em conta da Cidade Luz: 65€ no almoço e entre 95€ a 145€ no jantar.

Entre suas especialidades (mas sempre respeitando o marché du jour) estão a Oignon de Sicile Rôti à la braise, Crème Soubise, Mousserons et Chanterelles, Glace au Mélilot et Citron Confit e ainda uma estonteante Tarte aux Figues, .


41, Rue Saint-Louis-en-l'Isle
4ème arrondissement
Telefone: 01 43 54 75 42
www.lesergentrecruteur.fr







domingo, 26 de maio de 2013

MM6 de Martin Margiela chega em Paris



O estilista belga Martin Margiela que já trabalhou com Jean-Paul Gaultier na década de 80 e Hermès entre 90 e 2000 é um grande nome da moda, uma figura que sabia se reinventar e se reciclar e cuja marca própria, que levava seu nome, foi comprada pela Diesel em 2003 e ele se aposentou em 2009.

Mas sua "maison" não desapareceu e a prova disso é sua nova boutique parisiense no Marché Saint Honoré, a MM6 (já há uma em New York) que apresenta uma linha de produtos modernas e fácil de usar todos os dias, com tecidos monocromáticos, sem logotipos e com cortes reciclados e originais.

22, Place du Marché Saint-Honoré
1er arrondissement
Telefone: 01 73 77 51 52
www.maisonmartinmargiela.com

sábado, 25 de maio de 2013

La Guinguette de Neuilly, na Île de la Jatte



Dos mesmos donos do Café de l'Homme e do Le Chalet des Iles (ambos fechados para reformas) e do Le Petit Poucet, de frutos do mar, o la Guinguette de Neuilly é um antigo relais de remadores na Île de la Jatte, no Rio Sena na altura de Neuilly-sur-Seine.

Reconhecido por ser um bistro tradicional, sua decoração é simples e aconchegante, com toalhas vermelhas e azulejos brancos e dois terraços (aquecidos no inverno) que proporcionam momentos alegres numa atmosfera descontraída e campestre.
12, Boulevard Georges Seurat
Île de la Jatte / Neuilly-sur-Seine
Telefone: 01 46 24 25 04
www.la-guinguette-de-neuilly.com







sexta-feira, 24 de maio de 2013

L'Assagio, o legítimo italiano do Hôtel Le Castille


O Assagio fica no Hôtel Le Castille e é um legítimo representante da alta gastronomia italiana na Cidade Luz e, além da sua cozinha gourmet, pratos italianos à perfeição e decoração requintada, brinda seus clientes com um fantástico pátio florentino, com uma fonte, ideal para os românticos e de onde podemos observar a linda fachada interna do hotel.

37, Rue Cambon
1er arrondissement
Telefone: 01 44 58 44 58
www.castille.com/fr/restaurant-bar/restaurant-assaggio.aspx 










quinta-feira, 23 de maio de 2013

Atelier Renault: cozinha surpreendente nos Champs Élysées


O Atelier Renault e seu ambiente moderno, com madeira e cores fortes é, além de uma embaixada da marca francesa de automóveis, um local de exposições culturais com programação sobre música, moda, leituras, sessões de autógrafos e uma cozinha surpreendente, requintada e cosmopolita, com menus diferentes para almoço e jantar.
Em seu bar, localizado no mezanino do espaço, pode-se tomar drinks ou um simples sorvete e observar uma rara visão dos Champs-Elysées: um espetáculo através das grandes janelas.
53, Avenue des Champs Élysées
8ème arrondissement
Telefone: 08 11 88 28 11
www.atelier-renault.com

 
 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Petit Champerret e os sabores da Córsega




Desde que Gerard Castellani assumiu o famoso Petit Champerret, um bistro no pacato 17ème arrondissement, a Córsega desembarcou em seus pratos: no comando da cozinha reina o Chef Nicolas Gaulandeau, que passou pelo estrelado Apicius, cria pratos onde os sabores da l'Île de Beauté são misturados com harmonia.

O menu à la carte começa com 35 € e seu terraço, ideal para os dias de sol, tem um ambiente acolhedor.

30, Rue Vernier
17ème arrondissement
Telefone: 01 43 80 01 39

terça-feira, 21 de maio de 2013

Os extraordinários trompe l'oeil do Musée des Arts Décoratifs

 

Até 5 de janeiro de 2014 o Musée des Arts Décoratifs apresenta uma exposição com mais de quatrocentos objetos - nunca ou raramente mostrados - mágica e prazerosa: cerâmicas, tapeçarias, jóias e cartazes fazem mergulhar os visitantes do mundo da ilusão do trompe l'oeil.

107, Rue de Rivoli
1er arrondissement
Telefone: 01 44 55 57 50
www.lesartsdecoratifs.fr

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Há 215 anos Napoleão Bonaparte iniciava a Campanha do Egito

 Bonaparte Diante da Esfinge, por Jean-Léon Gérôme
Ontem (19) fez 215 anos que Napoleão partiu do Porto de Toulon - acompanhado por navios de Gênova, Ajaccio e Civitavecchia - para a Campanha do Egito, com mais de 400 navios, cerca de 40.000 homens e 10.000 marinheiros numa expedição que era, além de uma portentosa campanha militar, também uma notável expedição científica já que junto com o exército francês foram numerosos historiadores, botânicos e desenhistas para redescobrir e estudar as riquezas do Egito.

Neste ano de 1798, o ainda General Napoleão Bonaparte (1769-1821) havia percebido que a França não teria nenhuma possibilidade de invadir a Inglaterra e por essa razão Napoleão planejava derrotá-la no setor econômico.

Como a base da economia inglesa eram suas colônias, das quais a Índia era a mais importante, o plano era exatamente bloquear este caminho, desmantelando assim a principal rota de comércio da Inglaterra e que passava justamente pelo Egito.

Bonaparte alegou, como pretexto para invadir o Egito, que queria garantir, por todos os meios, o acesso seguro dos peregrinos muçulmanos a Meca porque, segundo ele, a França seria “amiga dos muçulmanos e da religião de Maomé".

Em 18 de julho, suas tropas chegaram ao Cairo após vencer os mamelucos na famosa Bataille des Pyramides onde seus exércitos sofreram pesadas perdas e, onde em meio ao fogo cruzado, os disparos dos canhões franceses destruíram o rosto da Grande Esfinge de Gizé.

Entretanto, após ganhar dos mamelucos que com suas tropas precariamente armadas tornaram-se presa fácil para os franceses, os britânicos sob o comando do Almirante Nelson conseguiram derrotar a frota francesa na Baía de Abukir, reconquistando a rota inglesa para a Índia e também barrando o retorno de Napoleão à França.

Somente um ano mais tarde foi que os franceses conseguiram derrotar o exército turco em terra, na Batalha de Abikur quando, sem seguida, Napoleão deixou Kléber no Egito, como Comandante-em-Chefe das tropas francesas para voltar para Paris.

Mesmo tendo apenas vitórias parciais no Egito, sua volta foi marcada pela sua mais importante conquista: sua ascensão ao poder, após a derrubada o Diretório, em 10 de novembro de 1799, quando dissolveu a Assembleia e implantou o Consulado – o início de seu caminho à glória total: depois de ser Cônsul-Geral, em 1804 coroou-se imperador, como Napoleão I, marcando assim o fim da Revolução Francesa.

Bataille des Pyramides, de François Watteau

domingo, 19 de maio de 2013

Se Paris é uma festa, imagine seus bares

A repórter Mari Campos, em matéria especial para O Globo, publicou no dia 16/05/13 às 09h00 (e depois atualizou às 14h36) uma excelente matéria sobre bares parisienses, que reproduzo e recomendo a leitura, segue a peça:


Os bares de Paris são uma festa

Modernos e elegantes, novos bares de hotéis se juntam aos clássicos e renovam a tradição boêmia da cidade


Le Bar Long dentro do hotel Le Royal Monceau, é frequentado por Robert de Niro e Sarkozy. Foto: divulgação

PARIS - A proliferação de bares e cafés frequentados por moradores e turistas que flanam pela capital francesa é uma constante desde antes dos tempos de Ernest Hemingway, que até batiza o lendário bar do Ritz, passando por reformas a serem concluídas no final de 2014. Paris sempre foi uma festa! Os próprios bares dos mais tradicionais hotéis parisienses são ponto de encontro importante para a sociedade.

Com o passar dos anos, tais bares de hotéis começaram a reunir não apenas escritores e jornalistas em busca de discussão e inspiração como também políticos, celebridades, jetsetters e, é claro, turistas vindos das mais diferentes partes do mundo.

Esse movimento vem ganhando ainda mais força nos últimos anos. Juntar-se ao balcão de um dos excelentes bares de hotel da cidade é certeza de desfrutar de ambiente agradável, boa música, drinques elaborados com esmero por barmen e sommeliers renomados e, é claro, de ouvir também uma torre de babel de distintos idiomas e sotaques. E, na grande maioria dos casos, tudo isso ainda vem acompanhado de comidinhas gourmet.

Faça o seu drinque. O bar do novo hotel W da cidade já cativa de cara pela forma (comprida e um pouco sinuosa) e pela decoração do designer argentino Diego Gronda, o novo queridinho da hotelaria de luxo internacional. A atmosfera do local vai de tranquila a elétrica ao longo do dia, com ótima trilha sonora contemporânea tipo lounge bar. De intelectuais a turistas fazendo hora para ir à Opéra Garnier, o W Lounge reúne todo tipo de gente. O menu bem-humorado e muito colorido dá nomes curiosos aos drinques e tipos de bebidas — a seção de tequilas, por exemplo, foi batizada de “Vamos amigos”, em espanhol mesmo. Até “batida de pera”, com grafia em português, aparece no cardápio.

Alguns dos coquetéis que foram parar ali são resultado da proposta do-it- yourself, que estimula os clientes a orientarem o barman a criar um drinque personalizado, inédito. Para acompanhar os pratinhos elaborados pelo chef espanhol Sergi Arola, aclamado pelo guia Michelin, vale apostar nos excelentes Winter daiquiri (rum, vermute, limão, lavanda e cravos), Kodo (uísque japonês, limão, Creole) e The Herbalist Grasshopper (menta, creme de cacau e água de eucalipto).

Happy hour animada. O imenso bloco de mármore italiano marrom de nove toneladas bem no centro do Bar 8, no Mandarin Oriental (trabalhado ali mesmo, à mão, antes da inauguração) capta no ato a visão de quem entra. A atmosfera intimista e “escurinha” do local, decorado com muito marrom e preto, paredes de madeira escura pontuadas pelos delicados cristais Lalique e mesas baixinhas cor de bronze com tampo de vidro, é bastante convidativa e reúne o pessoal estiloso que circula diariamente pelos arredores da Rue Saint Honoré. A partir das 18h, durante a happy hour, o bar fica lotado de parisienses saindo do trabalho e turistas tomando um drinque pós-compras, acompanhados, ou “esquentando” antes de sair para jantar. Nos dias bonitos ganha ainda mais espaço com o jardim anexo. Para acompanhar os drinques do menu — como o suave Honey Kingston (rum Appleton, limão, Cointreau e mel produzido pelo próprio hotel), que faz tanto sucesso que até ganhou recentemente uma versão sem álcool, para alegria da criançada — é possível pedir pratos e tapas do Camélia, o ótimo restaurante do hotel comandado pelo chef Thierry Marx.

Catedral do gim. Com pouco mais de um ano de existência, o bar, que fica no térreo do casarão parisiense ocupado pelo hotel Renaissance Le Parc Trocadero a poucas quadras da Torre Eiffel, foi o primeiro gin bar de toda a França — ideia ousada que deu certo numa cidade (e país) de loucos por champanhes e vinhos. Com decoração contemporânea, com muito branco e peças de impacto em verde intenso, o G’Bar tem mais de 30 rótulos diferentes de gim no menu e 25 drinques preparados com a bebida, além de aperitivos, coquetéis clássicos e vinhos. Dentre as opções mais populares entre os adeptos do local estão a clássica Gin Tonic (mas ali servida com uvas verdes amassadas no fundo do copo, criando um sabor refrescante surpreendente) e o Flower Power (gin G’Vine, jasmin, Saint German, xarope de rosas e limão). A música ambiente é discreta, em estilo lounge, compatível com o tamanho diminuto do bar, que ganha espaço nos dias quentes, quando se abre para o belo jardim no interior da propriedade. Nas noites de quinta-feira, a mais cheia, tem jazz fusion ao vivo. Um must have: macarons de gim para acompanhar o drinque.

O drinque do George Clooney. O hotel Le Royal Monceau, perto do Arco do Triunfo, parece ser mesmo o local perfeito, com sua galeria de arte contemporânea própria e o décor sempre surpreendente de Philippe Starck, para hospedar o excelente Bar Long. Em uma tarde qualquer podem estar sentados ali degustando seus drinques, lado a lado, Robert de Niro, Marion Cotillard, Nicolas Sarkozy e turistas anônimos dando uma pausa nas andanças pela cidade, entre as imensas cortinas brancas que descem do teto ao chão e as obras de arte que permeiam o local. O menu é bastante didático e bem dividido entre os clássicos e as criações próprias do hotel — como o delicioso Passion, o drinque à base de champanhe e maracujá que o ator George Clooney e o barman do hotel Cipriani de Veneza criaram para o hotel — e ali é possível tanto pedir tapas e entradinhas ao longo do dia quanto o clássico high tea ou as pâtisseries irretocáveis de Pierre Hermé durante a tarde. O som varia do piano ao vivo à tarde a sessões de DJs na madrugada.

“O bar”. Não foi à toa que o bar do icônico hotel George V foi batizado de “Le bar” pelos próprios ricos e famosos que originalmente o frequentavam. Até hoje, eis um dos mais significativos pontos de encontro da sociedade parisiense. A diferença é que o ambiente clássico mantido pela rede Four Seasons, com direito a garçons de luvas brancas e tudo, virou também ponto de encontro de turistas de todo o mundo, estejam eles hospedados ali ou fazendo uma pausa entre as compras nas badaladas avenidas Champs-Elysées e Montaigne. Apesar do champanhe e do conhaque continuarem jorrando, o novo menu do bar oferece toques modernosos aos coquetéis clássicos que sempre foram servidos no aconchegante lounge de cadeiras de couro à la Bellle Époque, como martinis frutados nas mais diversas composições que acompanham petiscos estilo finger food. As novas criações da equipe de barmen têm nomes quase tão gostosos quanto os próprios drinques: Bye Bye Baby (suco de limão, vodca de framboesa), Road To Heaven (açúcar mascavo, chocolate amargo, Barcardi), Just My Imagination (limão, açúcar, cachaça, baunilha) e Confide In Me (gim, coentro, Saint Germain, dry martini, ginger beer). O exclusivo George Fizz (morangos e framboesas frescos, suco de laranja, suco de goiaba e champanhe) é imperdível.

Chamando pelo nome. Os painéis de madeira escura, veludos e a lareira evidente criam uma atmosfera que remete imediatamente aos anos 1920 e 1930 parisienses e agradam em cheio aos fãs do filme “Meia-noite em Paris”, de Woody Allen, por exemplo — e também aos fashionistas que se encontram com frequência no Bar 30, no Sofitel, ao som de lounge music. O público ligado à moda tem razão de ser: o hotel está no no bairro de Faubourg Saint-Honoré, coração da alta-costura parisiense. Os mojitos — são vários, de distintas frutas e ervas, com destaque especial para o de frutas vermelhas — são os pedidos mais frequentes de seus visitantes e também de clientes assíduos, chamados pelo nome pelos garçons que parecem conhecê-los há décadas. O bar fica anexo ao restaurante homônimo e serve ali, em seu balcão e suas mesas, comidinhas fusion preparadas pelo chef criativo Keigo Kimura para acompanhar as bebidas. No menu, mais de cem rótulos de uísques e outros destilados são oferecidos puros, em coquetéis clássicos ou inovações feitas na hora, a pedido do freguês. A carta de vinhos também é louvável.

Para conhecer gente nova. O Island Bar, do despojado hotel Mama Shelter, um dos responsáveis pela revitalização da área no entorno do cemitério de Père-Lachaise, na Rue de Bagnolet, no 20º arrondissement, é o queridinho dos mais jovens e descolados: sem frescuras, colorido, com paredes e teto grafitados, uma imensa mesa de totó no centro e DJ todas as noites, não seria de se esperar o contrário. O bar tem formato quadrado inclusive no balcão (e é daí que vem seu nome “ilha”) a fim mesmo de facilitar o entrosamento dos clientes — eis aí também um bom lugar para quem viaja sozinho conhecer gente nova. Um enorme terraço amplia seu espaço durante a primavera e nos meses de verão (e faz a alegria dos franceses e turistas que fumam). A trilha sonora vai de rap a R&B e os fins de semana têm performances de artistas internacionais. O coquetel por excelência da casa é o Mama loves you (vodca, licor de pêssego, suco de cranberry) mas o Gin Bramble, com frutas vermelhas, também já virou um clássico da vez.

Filme de época. Esse bar conquista por sua localização pouco usual: está no coração de Montmartre, bem entre a Avenue Junot e a Rue Lepic, e já valeria a visita também pela atmosfera peculiar. A decoração do The Bar, no Hôtel Particulier, é tão original quanto à do hotel, uma mansão do século XIX repleta de boudoirs, com iluminação baixa e salões que parecem saídos de um filme de época — ou um clipe de Dita von Teese. A trilha sonora é estilo lounge-sexy e cortinas de veludo, cadeiras em plush, sofás bordô e luminárias de todo tipo se espalham por três andares avermelhados — mas o clima é aconchegante e você simplesmente não se dá conta do tamanho do local. O barman, o nova-iorquino David, é craque nos drinques convencionais e se arrisca em seu Cointreau Prive (vodca, Cointreau, ginger beer), além de eventualmente criar uma ou outra mistura a pedido do cliente.

SERVIÇO:

W Lounge, do Hotel W
Diárias a partir de € 259.
4, Rue Meyerbeer
2ème arrondissement
Telefone: 01 77 48 94 94
www.wparisopera.com

Bar 8, do Hôtel Mandarin Oriental
Diárias a partir de € 875.
251, Rue Saint-Honoré
1er arrondissement
Telefone: 01 70 98 78 88
www.mandarinoriental.com

G’Bar, do Hôtel Renaissance
Diárias a partir de € 419.
55-57, Avenue Raymond Poincare
16ème arrondissment
Telefone: 01 44 05 66 66
www.marriott.com

Bar Long, do Hôtel Le Royal Monceau
Diárias a partir de € 750.
37, Avenue Hoche
8ème arrondissment
Telefone: 01 42 99 88 00
www.leroyalmonceau.com

Le Bar, do Hôtel George V
Diárias a partir de € 865.
31 Avenue George V
8ème arrondissment
Telefone: 01 49 52 70 00
www.fourseasons.com

Bar 30, do Hôtel Sofitel Le Faubourg
Diárias a partir de € 380.
15, Rue Boissy d’Anglas
8ème arrondissment
Telefone: 01 44 94 14 14
www.sofitel.com

Island Bar, do Hôtel Mama Shelter
Diárias a partir de € 89.
109, Rue de Bagnolet
20ème arrondissment
Telefone: 01 43 48 48 48
www.mamashelter.com

The Bar, do Hôtel Particulier
Diárias a partir de € 390.
23, Avenue Junot, Pavillon D
20ème arrondissment
Telefone: 01 53 41 8140
www.hotel-particulier-montmartre.com
 

sábado, 18 de maio de 2013

Aperitivos e drinks de três consagrados bares de hotéis parisienses

O repórter Bruno Agostini, de O Globo, publicou no dia 15/05/13 às 18h01 (e depois atualizou às 18h38) uma excelente matéria sobre drinks e aperitivos oferecidos em consagrados bares de hotéis parisienses, que reproduzo e recomendo a leitura, segue a peça:

Os sabores da tradição nos
balcões clássicos de Paris


Comidinhas e drinques consagrados nos bares
de alguns dos hotéis mais respeitados da cidade



As bebidas no bar Galerie Joy, no Hôtel Fouquet’s Barrière são servidas com comidinhas.
Foto: Bruno Agostini / O Globo

PARIS - Sentado no balcão do Le Bar du Plaza Athénée, na Avenue Montaigne, acatei a sugestão do barman, e pedi o drinque chamado Jelly Shot, para começar a noite, depois de uma taça de champanhe, é claro. Eis que chega o coquetel, que bebi como quem come sushi. Trata-se de uma fórmula sólida, com Khalua, Bailey’s e Grand Marnier, servida em um retângulo de vidro colocado sobre um balde de gelo, para não esquentar. Bebemos (comemos?) com pauzinhos, como se fossem hashis etílicos. Clássico parisiense adorado pelos brasileiros (na minha noite, o português era a língua mais falada no bar, mais até do que o francês), o Plaza, para os íntimos, é tradicional em todos os sentidos, do serviço à mobília, exceto no seu bar, que tem atmosfera, decoração e cardápio com perfil mais ousado e jovial. A carta de drinques é apresentada em um tablet, com foto de cada uma das receitas, seguramente uma das listas mais autênticas e atraentes que já tive a oportunidade de ver: além dos clássicos há pelo menos duas dezenas de coquetéis bastante originais, em termos de combinações e apresentação.

Muitos, os mais conservadores, preferem se acomodar no belíssimo corredor, conhecido como La Galerie des Gobelins, com piso de ladrilho, colunas brancas e lustres de cristal magníficos.

As bebidas são o ponto forte da casa, mas o cardápio de comidinhas honra a tradição gastronômica do hotel. Para comer, podemos escolher entre blinis de salmão, pasteizinhos chineses cozidos no vapor (de pato com laranja, cogumelos ou camarões ao thermidor) e torradinhas com foie gras. Ou, então, uma porção com 30 gramas de caviar, com blinis e os acompanhamentos de praxe. Fiquei tentado, mas resisti, porque tinha programado jantar no Le Relais Plaza.

Mais discreto e intimista, o Le Bar 228 faz menção ao número em que está localizado o hotel Le Meurice, na Rue de Rivoli, na altura do Jardin des Tuileries. Se o local é reservado, com luz baixa, o mesmo não se pode dizer dos seus frequentadores, grande parte formada por empresários russos que parecem gostar de exibir em suas mesas garrafas entre as mais caras da fabulosa adega do hotel.

Hospedado ali no Le Meurice, o balcão era parada obrigatória todas as noites, às vezes antes de sair para jantar, outras, ao voltar dele. Entre 19h e meia-noite há jazz ao vivo, embalando a clientela, que prefere vinhos aos drinques. Do mesmo modo, o menu é caprichado, focado em pratos leves e sanduíches. Dividido em quatro parte (entradas, clássicos, sanduíches e sobremesas), pode funcionar muito bem para frugal (frugal, é claro, comparando com os restaurantes Le Meurice e Salvador Dalí, mais caros e pomposos). A cozinha mantém o alto padrão, e pratos como o croustillant de gambas, mangue et coriandre fraîche (camarões gigantes crocantes e servidos com manga e coentro) e o noix d’entrecôte Black Angus, beurre maître d’hôtel, frites maison (um belo corte de carne bovina, com molho amanteigado e batatas fritas) deixam satisfeitos os mais exigentes comensais. Para encerrar, éclair 100% choc, uma bomba de chocolate, em bom português, à altura do resto do cardápio.

Outro clássico da hotelaria chique parisiense, o Hôtel Fouquet’s Barrière, na esquina da Avenue George V com Champs-Élysées, tem um dos bares mais animados desta turma, frequentado por parisienses e turistas, hospedados ali, ou não. Comemos e bebemos muito bem na Galerie Joy, acomodados em poltronas roxas, no salão, ou nas mesas externas, muito concorridas nas noites dos meses mais quentes do ano. Uma pequena biblioteca entretém os clientes, e os interessados em cinema, moda, arquitetura, design e artes plásticas podem gastar uma tarde inteira ali, folheando as edições que ocupam uma estante.

Quando pedi uma taça de vinho branco para esperar a chegada de uma amiga, logo o garçom me trouxe um pratinho com comidinhas, que estavam ótimas. Havia canapés de foie gras e caranguejo, além de um creminho de cogumelos impecáveis, e acabei pedindo mais uma taça, novamente acompanhada pelos mimos comestíveis que Hemingway, mesmo mais interessado no copo, aprovaria.

SERVIÇO:

Le Bar, do Hôtel Plaza Athénée
Diárias a partir de € 825.
25, Avenue Montaigne
8ème arrondissement
Telefone: 01 53 67 66 65
www.plaza-athenee-paris.com

Bar 228, do Hôtel Le Meurice
Diárias a partir de € 820.
228, Rue de Rivoli
1er arrondissement
Telefone: 01 44 58 10 10
www.lemeurice.com

Galerie Joy, do Hôtel Fouquet’s Barrière
Diárias a partir de € 640.
46, Avenue George V
8ème arrondissement
Telefone: 01 40 69 60 00
www.lucienbarriere.com


 

Hôtel Marignan Élysées & Grand Hôtel du Palais Royal

A repórter Carla Lencastre, de O Globo, publicou no dia 15/05/13 às 18h16 (e depois atualizou às 18h38) uma excelente matéria sobre duas novas opções de hotéis, que reproduzo e recomendo a leitura, segue a peça:

Novidades hoteleiras a dois
passos da Champs-Élysées
Hotéis abertos ou reformados ajudam a revitalizar
os arredores da avenida mais famosa de Paris


Sofá vermelho no lobby projetado por Pierre Yovanovitch e Trillard / Foto: divulgação
PARIS - Não é somente nos bares que os hotéis de Paris estão sempre inovando. As novidades de hotelaria são constantes. Depois da inauguração do W, em 2012, e do Mandarin Oriental, em 2011, ambos lindíssimos, de redes bem conhecidas do público brasileiro e ícones do luxo contemporâneo, outros dois novos estabelecimentos também querem conquistar os turistas do país nesta temporada. Menores, mas igualmente cheios de charme e conforto, o Marignan Paris e o Grand Hôtel du Palais Royal ficam pertinho da Champs-Élysées, cada um de um lado da avenida.

Em uma ruazinha que faz esquina com a Rue Saint-Honoré e vizinho do Palais Royal, que lhe empresta o nome, e do Museu do Louvre, o Grand Hôtel tem um site em português que aceita reservas a partir de julho. A construção do século XVIII foi inteiramente renovada, e a decoração das áreas comuns e dos 68 quartos é de ninguém menos que o badalado Pierre-Yves Rochon, que assina dezenas de projetos hoteleiros de prestígio mundo afora. Um spa da grife Carita deve começar a funcionar ainda este ano.

O Marignan abriu no fim do ano passado depois de três anos de reforma, e logo foi descoberto pelos brasileiros. Quando estive lá em dezembro, pouco tempo depois de sua inauguração, já se ouvia português no lobby. O porteiro de Portugal, após anos trabalhando em um hotel em Amsterdã, fazia planos de dar um descanso para o inglês e usar mais a língua pátria. Ou o francês, já que o hotel pertence a um grupo da França, o Richard, o mesmo dos cafés.

A decoração do Marignan é um de seus maiores trunfos. O hotel está instalado em um prédio art déco em uma rua tranquila, entre as avenidas Montaigne e George V, a dois passos da Avenue du Champs-Elysées. A localização é bem parisiense, bien sûr. Mas dentro é a Escandinávia que dá o tom. O arquiteto francês Pierre Yovanovitch foi buscar inspiração no design dos países nórdicos para criar uma atmosfera surpreendente — e acolhedora. Que começa já na entrada, com a parte inferior da fachada coberta de pedra negra do Zimbábue e uma incrível porta de ferro.

O lobby — com um bar anexo, repleto de livros, cadeiras revestidas de veludo colorido e bancos de madeira — tem piso de mármore preto e branco, um sofá vermelho cheio de curvas e luminárias e objetos de design e obras de arte aqui e ali.

O design de linhas retas, aço escovado e madeira clara predomina nos 50 quartos e suítes do hotel, com tamanhos entre 20 e 70 metros quadrados, closet, máquina de café expresso, deque para iPod, muitas tomadas e conexão Wi-Fi incluído na diária. Alguns são duplex ou têm um pé direito alto.

Os quartos de fundos dão para uma área interna onde o grande destaque são os vitrais originais do prédio. Outros possuem balcões com cadeiras de ferro e vista privilegiada para a Torre Eiffel. Duas das suítes — também com vista para a torre, claro — têm terraços para aproveitar o verão que começa daqui a pouco. E aguardar as próximas novidades.

SERVIÇO

Marignan Paris:
Diárias a partir de € 395.
12, Rue de Marignan
8ème arrondissement
Telefone: 01 40 76 34 56
www.hotelmarignanelyseesparis.com

Grand Hôtel du Palais Royal
A partir de julho, as diárias começam em € 330.
4, Rue de Valois
1er arrondissement
Telefone: 01 42 96 15 35
www.grandhoteldupalaisroyal.com


 


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Com "Gatsby", Festival de Cinema de Cannes abre em grande estilo

Para a apresentação de "O grande Gatsby" compareceram o superstar Leonardo DiCaprio e o diretor australiano Baz Luhrmann, que deu nova vida ao célebre romance.

Devido ao mau tempo, havia muitos guarda-chuvas na estreia de O grande Gatsby. As vicissitudes meteorológicas do cotidiano nem sempre combinam com o glamour da abertura do Festival de Cannes, o mais importante festival de cinema do mundo, que teve início nesta quarta-feira (15/05) com a apresentação do filme estrelado por Leonardo DiCaprio.

O grande Gatsby retrata festas e riqueza, o sonho da felicidade material, fama e dinheiro, em suma, os encantos superficiais do mundo. Isso combina com Cannes. E o cinema? Não foi sempre uma grande máquina de sonhos? Sendo assim, os organizadores não puderam encontraram filme melhor que O grande Gatsby para abrir o Festival de Cinema de Cannes deste ano.

Festas: no cinema e em Cannes
Após a estreia do filme, uma imensa tenda foi palco da festa de abertura. A distribuidora americana Warner Bros. convidou e 600 vips vieram. Uma festa de 1 milhão de euros, organizada para um círculo fechado da alta sociedade cinematográfica. Mesmo assim, o gala da abertura não deve ter se equiparado aos excessivos festivos mostrados anteriormente na tela. O grande Gatsby, um abrangente romance de apenas 200 páginas escrito por F. Scott Fitzgerald, é considerado um clássico moderno da literatura. É também um livro sobre o amor, mas principalmente sobre as festas do "sonho americano".

O livro conta a história de um jovem misterioso, que vive com seus milhões numa mansão que mais se parece com um castelo, na costa de Long Island, e promove festas inesquecíveis – também para ganhar o amor de uma mulher que havia cobiçado no passado.

Como esse homem, que é chamado simplesmente de Gatsby, conseguiu chegar a tanto dinheiro permanece um mistério até o final. Espalham-se boatos sobre suas ligações com o submundo. Em torno dessa figura mítica, Fitzgerald tece uma trama simples sobre a riqueza e o amor, ciúmes e assassinato. O livro se sustenta na maestria estética do estilo e na construção do texto, já que a trama não oferece nada mais que uma história de fofocas.

A atração do dinheiro

Ainda assim, não há nada de paradoxal no fato de o romance ter se tornado uma referência na literatura, desde que foi lançado em meados da década de 1920. O livro procura, principalmente, registrar a ânsia das pessoas pela fortuna e os riscos que estão dispostos a correr para alcançá-la. De um jeito fascinante, o livro também deixa claro o encanto e a sedução da riqueza. Fitzgerald conta sua história com ironia e distância, mas não tem medo de mostrar o quão sedutor é todo aquele luxo.

O livro já foi levado três vezes à tela. A versão mais conhecida é a com Robert Redford no papel principal, de 1974. Agora, o diretor australiano Baz Luhrmann se aventurou numa nova versão. Mostrar a atualidade do texto foi seu principal estímulo: "Um clássico surge por meio da transposição temporal e geográfica de todas as fronteiras, tornando-se significativo em todos os lugares e em todas as épocas", afirmou Luhrmann em entrevista, acrescendo que "isso se deve ao fato de as histórias terem algo humano e atemporal para contar. Nós reconhecemos isso novamente nos personagens".

Luhrmann: clássico vira pop

No romance, Gatsby é alguém que "absorveu intensamente as promessas da vida e que foi cheio de esperanças". O personagem-título do romance fascina até hoje. Esse fascínio foi utilizado por Luhrmann, que embebeu a trama de uma atualidade duradoura. Embora ele seja fiel ao romance e mostre uma história que se passa na Nova York dos anos 1920, por outro lado o diretor dá a ela um aspecto moderno.

A trilha sonora foi assinado pelo famoso rapper americano Jay-Z, pela cantora Beyoncé (os dois são um casal) e por outras megaestrelas como Lana del Rey. O filme consiste de centenas de cortes rápidos, intercalados de forma compacta e montados sem muitas ligações. Movimentos selvagens de câmera se alternam com inúmeros efeitos digitais. Além disso, tudo foi filmado em tecnologia 3D.

Os sonhos permaneceram

"Queríamos transmitir aos espectadores a impressão de viver naqueles tempos incrivelmente modernos, quando o mundo acabava de nascer, e todos eram jovens, belos, bêbados, loucos e ricos e vivenciaram tudo isso", declarou o roteirista Craig Pearce. Assim, não é difícil para os espectadores entender as referências frente ao aqui e agora. O contraste entre ricos e pobres, o sonho de ascensão: todos esses temas são válidos ainda hoje, mesmo que sob outras circunstâncias. Mas a vista do Palácio dos Festivais em Cannes sobre os milionários iates luxuosos aportados na baía azul mostra claramente a atualidade do livro quase centenário.

Em Nova York, a equipe se ocupou intensamente com aquela época, principalmente com o setor financeiro, os títulos hipotecários e os mercados de ações, afirmou o roteirista Pearce sobre o trabalho de pesquisa para as filmagens. Substituindo a palavra "título hipotecário" por "fundos de hedge", fica claro por que o filme de Luhrmann é atual.

Fitzgerald constatou um corte fundamental no arcabouço moral da década de 1920, afirmou o diretor. O boom econômico da época não podia prosseguir tão facilmente como antes. A atual versão cinematográfica de O grande Gatsby é naturalmente uma metáfora da recente crise financeira mundial. "Tenho a impressão de que O grande Gatsby tem algo a dizer ainda hoje – mais do que nunca", disse o produtor Douglas Wick.

Reações contidas ao filme

Em Cannes, o filme de abertura, no entanto, angariou somente reações contidas na apresentação para a imprensa, antes da estreia noturna. E também nos EUA, onde O grande Gatsby estreara já há alguns dias nos cinemas, as críticas foram antes negativas. Tudo isso não pôde estragar, naturalmente, o bom humor da equipe no tapete vermelho em frente ao Palácio dos Festivais.

DiCaprio, a protagonista do filme Carey Mulligan, o diretor Luhrmann – todos vieram apresentar pessoalmente o filme. E a chuva forte no início irritou só temporariamente. Como sempre acontece em Cannes, a tempestade de flashes foi admirável, os fãs gritaram por autógrafos. Assim começou a festa de 12 dias na Côte D'Azur.

(Artigo publicado pela Deutsche Welle em 17.05.2013)


Festa inebriante também no filme de abertura do Festival de Cinema de Cannes 2013
Um amor fugidio: Leonardo DiCaprio e Carey Mulligan
Baz Luhrmann dirigindo 'O grande Gatsby'
Antes da chuva: a equipe de 'O grande Gatsby' posa para as câmeras

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Mestres mexicanos no Musée du Louvre 



Desde as monumentais pinturas religiosas de José Juárez aos afrescos barrocos de Cristóbal de Villalpando, passando pelos preciosos retratos de Juan Rodríguez Juárez, as obras-primas os Grandes Mestres mexicanos dos séculos XVII e XVIII estarão expostas até o dia 3 de junho no Musée du Louvre, na Cour Napoléon, no centro das salas dedicadas à pintura ibérica.

Musée du Louvre
99, Rue de Rivoli
1er arrondissement
Telefone: 01 40 20 53 17
www.louvre.fr

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Mathurin Méheut no Musée de la Marine



Até o dia 30 de junho, o Musée de la Marine faz uma retrospectiva da obra do pintor, decorador e ceramista bretão, Mathurin Méheut, cujo destaque são os desenhos que Méheut realizou durante a Primeira Guerra Mundial: mais de sessenta obras e documentos inéditos.

Como os famosos esboços azuis do artista ornam até hoje as louças do Restaurant Prunier, este verdadeiro palácio em art déco fará, por ocasião da exposição, uma singela homenagem através de um cardápio de peixes e frutos do mar inspirado em suas telas.

Musée de la Marine
17, Place du Trocadéro
16ème arrondissement
Telefone: 01 53 65 69 69
www.musee-marine.fr

Restaurant Prunier
16, Avenue Victor Hugo
16ème arrondissement
Telefone: 01 44 17 35 85
www.prunier.com

terça-feira, 14 de maio de 2013

Paris Traveler Series, de Nichole e Evan Robertson

Após uma viagem à Cidade Luz, uma dupla de ilustradores nova-iorquinos, Nichole e Evan Robertson, criaram uma série de cartões sob o tema "Paris in Color" onde cada imagem nos leva à um passeio pelas ruas e monumentos da capital francesa, como vocês podem ver abaixo.

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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Os 50 anos de Brasília em Paris


Até o dia 15 de junho, dentro das comemorações internacionais – já esteve na Espanha, no Chile, em Portugal, na Argentina, no Chile e na Índia – pelos 50 anos da Capital Federal, o Espace Oscar Niemeyer (na sede do Partido Comunista francês), apresenta pela primeira vez na França a exposição “Brasilia: um demi siècle de la capitale du Brésil”.

Apesar dos seus cinquenta anos terem sido festejados em 2010, pelo mundo todo ainda são celebrados os sonhos do Presidente Juscelino Kubitschek, do Arquiteto Oscar e do Urbanista Lucio Costa.

Desde 1987 reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, Brasília representa um dos maiores feitos arquitetônicos e urbanísticos de toda a história contemporânea e esta mostra traz uma série de peças como documentos inéditos, objetos raros, fotografias históricas e maquetes que ilustram muito bem o gênio criativo que a erigiu.

Morei em Brasília por alguns anos quando fui da Sucursal do Jornal do Brasil na Capital e, confesso sem nenhuma reserva, que adorei suas paisagens, seu céu, sua mistura de gente acolhedora e, ao ser transferido para São Paulo, lá deixei inúmeros amigos com os quais me relaciono até hoje sem interrupção.

Ao sair da exposição me bateu um baita orgulho de ser brasileiro, de ter morado no Planalto Central e ainda de ter, autografados, dois livros do Presidente Juscelino Kubitschek, “Meu Caminho Para Brasília” (1974) e “Porque Construí Brasília” (1975), ambos de Bloch Editores.

Espace Oscar Niemeyer
2, Place du Colonel Fabien
19ème arrondissement
Telefone: 01 40 40 12 12
www.brasilia50.info

domingo, 12 de maio de 2013

A Catedral de Chartres revisitada

Ontem estive - mais uma vez - na Catedral de Chartres, uma das mais imponentes de toda a França e que, juntamente com a Catedral de Notre-Dame de Reims, são as catedrais góticas mais importantes do país – batendo inclusive a Catedral de Notre-Dame de Paris.

Classificada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, sua construção foi iniciada em 1145, reconstruída após o incêndio de 1194 e foi consagrada na presença do Rei Louis IX em 1260, mas ao contrário da Catedral de Reims que assistiu a diversas coroações, apenas Henri IV foi aqui coroado.

Com uma imensa nave central, adornos, estátuas e 150 janelas com vitrais em notável estado de conservação, Chartres é uma obra-prima da arquitetura gótica, quase que inigualável com seus mais de 10.000m², 130m de comprimento e largura de 46m.

 
 




 

 

 

 

 

 

sábado, 11 de maio de 2013

Anna & Jo's Pizza, a pizzaria do Le Petit Pontoise



Anna & Jo's Pizza é uma sensacional pizzaria inaugurada pelos mesmos donos do Le Petit Pontoise, um pequeno restaurante que há anos encanta franceses e brasileiros como Reinaldo Paes Barreto, Chico Buarque e Ignácio de Loyola Brandão com sua comida de terroir, simples e composta apenas de pratos assados ou cozidos onde não há nenhuma fritura no menu.

Sua irmã mais nova, que fica no mesmo endereço, separado apenas pela entrada social do edifício, oferece uma decoração acolhedora em um ambiente pequeno, com receitas de pizza italianas e americanas simples, com massa fina e crocante, leves e de gosto delicioso.

Pedi uma grade P.B.S.S. com mozzarela, molho de tomate, pepperoni, bacon, salame picante, linguiça italiana, tomates secos e azeitonas - uma maravilha!

Risotto dal Capo como entrada, depois um Lapin aux Olives como prato e, como sobremesa, um maravilhoso Coppa Limoncello - todos com qualidade e sabor imperdíveis e com preços justíssimos.

Anna & Jo's Pizza
9, Rue de Pontoise
5ème arrondissement
Telefone: 01 43 25 89 41