terça-feira, 30 de setembro de 2014

Le Mont Saint-Michel



No fim de semana passado fui - novamente - passear com os cães no Mont Saint-Michel, que fica na Normandia, no Departamento da Mancha, à foz do Rio Couesnon, onde se forma seu estuário e vou aproveitar para contar mais uma vez a sua história.

É uma ilhota rochosa, na qual foi construída, no ano 708 uma abadia em homenagem ao Arcanjo São Miguel e seu antigo nome em latim era Monte Saint-Michel em Perigo do Mar, na forma original, Mons Sancti Michaeli in Periculo Mari.

No Século X monges beneditinos instalaram-se na abadia e uma pequena vila foi sendo formada no seu entorno e muitos de seus prédios e habitações são, a título
individual, classificados como monumentos históricos franceses.

Este mosteiro, fortificado no século XIII, tornou-se inexpugnável e mesmo durante a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra, resistiu a todas as tentativas inglesas de tomá-lo.

Desta forma o Mont Saint-Michel é um dos símbolos da identidade nacional e é o ponto turístico mais frequentado da Normandia e um dos primeiros da França, com cerca de 3.200.000 visitantes por ano.

Uma estátua do Arcanjo São Miguel foi colocada no topo da torre da igreja, a mais de 170 metros de altura e o monte era ligado ao continente através de um istmo natural que era coberto pelas marés altas.

Infelizmente, ao longo dos séculos a planície alagável em torno foi sendo drenada para criação de pastagens, reduzindo a distância do rochedo à terra, e o rio Cousenon foi canalizado, diminuindo seu aporte de água e acelerando o assoreamento da baía.

Em 1879 o istmo foi reforçado e tornou-se uma passagem seca perene mas, em 2006 o governo francês anunciou um projeto para tornar novamente o monte uma ilha com a construção de barragens, o que deverá ocorrer até o final de 2015.

Na cidadela medieval do Mont Saint-Michel está o restaurante La Mère Poulard (que também abriga um hotel de 27 quartos, mas não nunca fiquei hospedado lá), que oferece a tradicional cozinha regional normanda, ao estilo caseiro.

Entre suas famosas receitas estão a omelete baveuse, o carneiro dos pastos próximos ao Monte Saint-Michel, a lagosta da Bretanha, peixes e mariscos da própria baía ao redor do monte e muitas sobremesas com tempero local: manteiga.

A minha favorita é a omelete de lagosta com salada verde - na foto mais abaixo.












segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Le Train Bleu, a jóia da Gare de Lyon


Semana passada resolvemos almoçar no Le Train Bleu, na Gare de Lyon, classificado em 1972 como monumento histórico nacional por André Malraux e que foi reaberto há pouco tempo, em 12 de setembro, após uma grande renovação.

Sua história começa com a proximidade da Exposição Universal de 1900, quando a empresa Paris-Lyon-Mediterranean (PLM) que explorava a estação e suas linhas, resolveu abrir o "Buffet de la Gare de Lyon", como era chamado à época.

Desde a sua inauguração em 07 de abril de 1901 por Emile Loubet, então Presidente da França, sua clientela incluiu famosos como Coco Chanel, Brigitte Bardot, Jean Cocteau, Salvador Dali e Jean Gabin e foi imortalizado no longa-metragem "Nikita", de Luc Besson e sua popularidade continua em alta: cerca de 500 clientes são servidos todos os dias.

Em suas paredes e tetos estão representadas as paisagens percorridas pelos trens da rede PLM - e seu piso em parquet encerado, painéis de madeira, a pátina do tempo, parede de assentos estofados em couro, toalhas de mesa brancas e logotipo louça.

Apenas em 1963 que o local foi rebatizado como "Le Train Bleu", em homenagem ao celebrado serviço oferecido na linha "Paris-Ventimiglia" e em suas paredes e tetos ainda permanecem as representações das paisagens percorridas pelos trens da rede PLM, assim como o seu piso em parquet encerado, painéis de boiserie, assentos estofados em couro, toalhas de mesa brancas e porcelana com sua marca.

Acesse o menu clicando no link abaixo:
www.le-train-bleu.com/maj/pdf/Menu_interieur_TB_sept_14.pdf

Place Louis Armand
Gare de Lyon, 1er étage
12ème arrondissement
Telefone: 01 44 75 76 76
www.le-train-bleu.com








domingo, 28 de setembro de 2014

O Plaza Athenée revisitado




O Caderno ELA do jornal O Globo, publicou em sua edição online ontem (27) uma excelente reportagem de Cleo Guimarães sobre a revitalização do Plaza Athenée, totalmente reformado para comemorar os seus cem anos e cuja expansão incluiu mudanças no restaurante de Alain Ducasse. A seguir reproduzo a peça e recomendo sua leitura:

"PARIS — A fachada com gerânios e toldos vermelhos na Avenue Montaigne continua igualzinha. Mas lá dentro do Plaza Athénée novidades não faltam. A começar pelo tamanho: o “Plazá” (para os íntimos), um clássico da sofisticada hotelaria parisiense que acaba de completar cem anos, aumentou consideravelmente.

Depois de dez meses fechado para uma “reforma de expansão”, ele reabriu com mais seis quartos, oito suítes, um salão de baile e dois espaços para eventos, e agora se apresenta como um hotel haute couture, com ambientes batizados em homenagem ao mundo da moda. Isso sem falar num upgrade geral no Dior Institut, o spa da Dior, e também em seus quartos, que já eram de cair o queixo.

A suíte 750, para onde fui levada por um funcionário simpático e que se ofereceu, em português, para desarrumar as minhas malas — “morei alguns anos no Riô e em Arraial D’Ajudá”, explicou —, tinha dois andares e decoração sóbria. Era um latifúndio de 150 metros quadrados, o maior dos quartos art déco.

Segundo a equipe do Plaza, tudo neste ambiente foi pensado para que o hóspede se sinta “em seu próprio apartamento” na cidade — como se fosse muito normal uma sauna privativa numa cobertura com vista de 360 graus de Paris — Torre Eiffel, ali pertinho, incluída.

O Sultão não economiza

O quarto tinha sofás bordados com fios de bronze, móveis de madeira ébano Macassar, banheiro todo de mármore de carrara... mas, quer saber? No meio disso tudo, foram os detalhes que realmente chamaram a minha atenção e me fizeram pensar: “Mas esses caras sabem das coisas...”. Ter dois frigobares, por exemplo. Um em cada andar, para você não ter que descer caso sinta sede no meio da noite e estiver lá em cima, naquela cama enorme com oito travesseiros deliciosos (eu contei). Faz a maior diferença.

E as tomadas? Elas são muitas, estão espalhadas por vários cantos — quem viaja com iPhone, iPad e que tais sabe como isso é bom. Bruno Moinard, um dos designers de interiores que cuidou da reforma do hotel, também sabe: “Nosso luxo é encontrado nos detalhes, no que não fica à mostra, em surpresas”. Touché.

A comparação com as casas de alta costura da vizinhança também tem a ver com os funcionários.

Assim como os colaboradores do mundo fashion, eles trabalham feito loucos nos bastidores para deixar tudo tinindo — a diferença é o humor: no Plaza (e na maioria dos hotéis realmente bacanas), eles estão sempre com um sorrisão na cara, ao contrário daquelas verdadeiras feras que costumamos encontrar nos backstages de uma Fashion Rio da vida. “São eles que fazem tudo funcionar”, diz o diretor-geral, François Delahaye. Tanto bom humor e educação não vem de graça. O hotel, que faz parte da Dorchester Collection (literalmente, a coleção de hotéis de luxo do Sultão de Brunei espalhados pelo mundo, que inclui o Dorchester, em Londres, e o The Beverly Hills, na Califórnia, entre outros), investe pesado no treinamento da equipe. Nas palavras de Delahaye, com o Sultão não tem miséria: ele gasta “uma quantidade absurda de dinheiro” especificamente nisso.

Nota-se. Dos garçons telepatas ao concierge, que, se você pedir, parece capaz de conseguir qualquer coisa — de um prosaico pão de queijo a um lugar na primeira fila do desfile mais disputado da temporada —, incluindo a arrumadeira, que elogia o seu vestido quando te vê passar, todos ali se esforçam para fazer o hóspede se sentir especial. Dinheiro muito bem aplicado, Sr. Delahaye.

E a gastronomia?, você deve estar se perguntando. Bem, a novidade neste quesito acontece Alain Ducasse au Plaza Athénée. Além do design incrível (repararam os bancos com encostos espelhados?), o restaurante, que continua com três estrelas no Guia Michelin, fez uma reforma filosófica: o chef não serve mais qualquer prato com carne, passando a oferecer um menu “ético”, com destaque para peixes, legumes e cereais orgânicos. Por mais tradicionais que sejam, também perderam espaço as receitas com açúcar, cremes ou manteigas.

Para os menos organicamente corretos, seria mais ou menos como se o Jobi deixasse de servir frituras. Trocasse a carne-seca pela carne de soja. Mas até nisso o hotel tem uma solução caseira, digamos assim: quer cair fundo no entrecôte com batatas gratinadas? Corra para o La Cour Jardin, no jardim interno, coladinho ao espaço de Ducasse. O prato é um dos mais pedidos, daqueles que te fazem imaginar, enquanto mastiga: “Como pode ser tão bom?”."

sábado, 27 de setembro de 2014

Brut, demi-sec, extra brut - quais as diferenças dos champagne


A região de Champagne, na França, está pronta para o que será uma das melhores colheitas de todos os tempos
Foto: Vivian Oswald / O Globo
A região de Champagne está pronta para o que será uma das melhores
colheitas de todos os tempos. Foto de Vivian Oswald / O Globo.

O Caderno Boa Viagem do jornal O Globo, publicou em sua edição online neste último dia 10 uma excelente reportagem de Vivian Oswald sobre como é o processo de produção do champagne na França. A seguir reproduzo a peça e recomendo sua leitura:

"REIMS - O champanhe é submetido a dois processos de fermentação antes de ser guardado nas caves, onde permanece, em média, três anos para envelhecer. Os chamados millésimes costumam ter um período mais longo de maturação. Depois disso, passam pelo processo de “rémuage”. As garrafas são mantidas inclinadas entre seis a oito semanas e rodadas manual ou automaticamente todos os dias. A ideia é levar o depósito formado no fundo até o gargalo. Quando os detritos estiverem colados às rolhas, os gargalos são mergulhados a -25°C. Assim, o depósito é congelado e expelido quando as garrafas são abertas. O que se perde de champanhe durante esse processo conhecido por dégorgement é completado com açúcar líquido em muitas caves. As garrafas são rapidamente fechadas e estão prontas para consumo.

É a quantidade de açúcar que determina o tipo do champagne (brut, demi-sec). O rosé passa pelo mesmo processo. A diferença é que, para obter a cor, o produtor pode adicionar à bebida vinho tinto ou uvas maceradas. O champagne com zero de açúcar, ou extra brut, vem ganhando destaque entre os produtores.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS

Mais que saber como é feito, é preciso saber como tomar o champagne. Especialistas orientam que a bebida deve ser tomado fria, jamais gelada. A temperatura ideal é entre 8°C e 10°C. Não se deve levar a garrafa ao congelador. A temperatura ideal é alcançada após três horas na gaveta de legumes da geladeira ou em meia hora num balde com gelo e água.

Se não for ser consumido em até três dias, o champagne não deve ficar na geladeira. Para mantê-lo nas condições adequadas de umidade, é importante deixá-lo em um lugar fresco e escuro. E a garrafa deve ser consumida no máximo dois anos após ser adquirida. Ele já sai das caves pronto para o consumo, diferentemente de outros vinhos que certamente melhoraram com o tempo.

Não servir muito mais de um terço do copo. Quanto maior a quantidade, mais depressa a bebida esquenta, perdendo a intensidade. E nada de grandes explosões: o elegante é abrir o champagne da maneira mais discreta possível."

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Região do Champagne antecipa colheita e prevê safra excelente


O château d’Étoges em Champagne é uma opção de hospedagem para quem quer aproveitar a temporada de safra
Foto: Vivian Oswald / O Globo
O Château d’Étoges em Champagne é uma opção de hospedagem para
quem quer aproveitar a temporada de safra. Foto de Vivian Oswald / O Globo.
O Caderno Boa Viagem do jornal O Globo, publicou em sua edição online neste último dia 10 uma excelente reportagem de Vivian Oswald sobre a região do Champagne, que antecipa sua colheita e se prepara para safra promissora. A seguir reproduzo a peça e recomendo sua leitura:

"REIMS - Este ano, as férias de verão dos produtores de Champagne foram encurtadas. Mas por uma boa causa. A região enfrenta a colheita antecipada das uvas nesta primeira quinzena de setembro. A nova safra promete ser uma das maiores e melhores dos últimos tempos. O inverno ameno e o verão sem excessos beneficiaram a saúde das parreiras carregadas.

Para o turista, isso significa que o movimento anda intenso nesta época do ano, quando a região costuma ficar vazia e quase tristonha, apesar da exuberância das parreiras que tornam os vinhedos ainda mais fotogênicos. Certamente haverá muito mais produtores disponíveis do que de hábito para atender os visitantes que batem de porta em porta atrás de uma boa conversa e das grandes descobertas nas pequenas caves.

O trabalho nas vinhas deve atrair cerca de 120 mil pessoas de outras regiões da França — e até mesmo de outros países — para reforçar os braços que serão usados na colheita artesanal. É isso o que determinam a tradição e as normas da denominação de origem. Nada de máquinas para extrair as uvas dos pés. Esta será a segunda colheita em Champagne em menos de um ano. A de 2013 foi tardia e aconteceu no dia 4 de outubro.

Supersticiosos, os produtores evitam comemorar os bons frutos antes da hora, até porque as intempéries não têm dia nem hora marcada, mas não disfarçam a satisfação com os prognósticos otimistas.

Pode ser que os produtores tenham mais um grande motivo para comemorar este ano. Champagne apresenta como candidatos a patrimônio mundial da Unesco parte de seus vinhedos, as encostas vitivinícolas mais antigas da região, entre Cumières e Mareuil-sur-Aÿ, e construções erguidas pelas caves sobre a colina Saint-Nicaise, em Reims, e na Avenue de Champagne, em Épernay, onde estão instaladas há tanto tempo as grandes casas.

Em Festigny, a casa Gérard Loriot se prepara para um ano atípico.
— Posso dizer que as uvas estão muito saudáveis até agora. Será uma conjunção perfeita de qualidade e quantidade — disse a proprietária Maryse Loriot.

Os Loriot este ano também decidiram ousar: estão prestes a colocar no mercado o seu primeiro millésime, feito a partir da colheita de 2011. A novidade foi ideia do filho Lorent, que há cinco anos, depois de sair da escola de viticultores, voltou para casa para trabalhar com os pais na produção que remonta a quatro gerações da família.

Não faltam opções entre as pequenas caves de Champagne. Elas são as preferidas de belgas e ingleses, que se dispõem a dirigir por algumas horas até a região para buscar diretamente na fonte as borbulhas que pretendem consumir em ocasiões especiais. Os próprios distribuidores entenderam a tendência e vêm tentando incrementar a oferta de rótulos nestes países.

A procura se explica pelo desejo do consumidor de descobrir nomes que associem bons preços a qualidade superior. Salvo algumas exceções, não é algo que se repita no Brasil, embora o consumo de champagne venha crescendo no país.

A dica para quem pretende fazer o trajeto dos pequenos produtores de carro é sempre montar um roteiro racional com antecedência e ligar antes para confirmar os horários para visitas. Entre muitas opções há Rufin & Fils, em Étoges, onde o Château D’Etoges, é uma opção de hospedagem, e Denis Marx, em Cerseuil. De Paris, a viagem até a região de Champagne dura pouco mais de uma hora de carro. De Bruxelas, são duas horas e meia. O TGV também é uma boa opção a partir da capital francesa.

No coração do vale do rio Marne, a cave Denis Marx, em Cerseuil, é uma boa pedida para incluir na lista das descobertas. A cuvée spéciale Nicolas Marx, 100% composta por chardonnay, é uma das novidades mais recentes da família Marx, que produz champagne há três gerações.

No vilarejo de Troissy, também no Marne, a casa Hervé Mathelin, é outra que está há três gerações no ramo. A sala de degustação foi redecorada (com certos exageros modernosos) para receber os clientes com mais conforto individualmente ou em grupo. O champagne rosé — feito em três chardonnay, pinot noir e pinot meunier — merece atenção. Mas os proprietários só recebem com visitas marcadas.

Como os negócios são feitos em família, as rotinas se adaptam ao ritmo das casas e no trabalho nas vinhas. Em geral, eles não recebem no horário do almoço, nem aos domingos. Há quem só atenda com hora marcada nos sábados. Evite escolher mais de três visitas no mesmo dia. Mais do que isso não dá para aproveitar a conversa com os produtores, se perder na Rota Turística do Champagne.

Tampouco sobra tempo para almoçar com calma em um dos ótimos restaurantes da região. As opções vão desde o estrelado Les Crayères, em Reims, aos mais simples Le Lys du Roy e Cheval Blanc.

As visitas às grandes caves em Épernay e Reims são sempre interessantes, mesmo para os entendidos.
Diz-se que elas fazem do subsolo destas cidades um verdadeiro queijo suíço. Podem ser pré-agendadas e várias têm tradução em outros idiomas além do francês.

RÓTULOS ATÉ € 15
Não é preciso estar em guias para ser um bom champagne. Há casas que optam por não mandar amostras dos seus produtos para a seleção dos guias em um determinado ano para não ficarem desabastecidas e não ter como atender os pedidos dos clientes cativos. Embora alguns minimizem a importância das menções, todos reconhecem que elas têm, sim, efeito sobre as encomendas. Esta é mais uma razão para se explorar as caves e experimentar os seus diversos tipos de champagne sem preconceito. Há ótimas opções por até € 15 euros.

O champagne Gérard Loriot não apresentou para o Guia Hachette o seu rosé este ano. O mesmo aconteceu no ano passado com o o champagne Huot Fils. Este ano, eles ganharam uma estrela no Brut Zero, sem adição de açúcar. Este é um tipo de champagne que entrou na moda em alguns bares e restaurantes da Europa. Faz sucesso entre os que querem manter a linha. Mas o extra brut ou brut zero também são calóricos. Menos, é verdade, mas engordam.

SERVIÇO

Visitas

Denis Marx, em Cerseuil, telefone 03 26 52 71 96
Gérard Loriot, em Festigny, telefone 03 26 58 35 32
Hervé Mathelin, em Troissy, telefone 03 26 52 74 42
Ruffin & Fils, em Étoges, telefone 03 26 59 30 14
Moët & Chandon, em Épernay, site www.moet.com
Mumm, em Reims, site www.mumm.com
Piper-Heidsieck, em Reims, site www.piper-heidsieck.com
Pommery, em Reims, site www.pommery.com
Taittinger, em Reims, site www.taittinger.com
Veuve-Clicquot Ponsardin, em Reims, site www.veuve-clicquot.com
Champagnes de Vignerons, site www.champagnesdevignerons.com

Onde ficar

Château d'Étoges, diárias a € 138, sire www.chateau-etoges.com
Château de Fères, com diárias a € 150, em Fère-en-Tardenois, site www.ila-chateau.com/fere
Le Cheval Blanc, com diárias de € 35 a € 80, em Montmort Lucy, site www.hotelrestaurantlechevalblanc.com"

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

L'Initial, do Sofitel Arc de Triomphe



O Chef Thomas Bruno aposta no frescor dos produtos para fazer viver o L'Initial, restaurante do hotel Sofitel Arc de Triomphe, reaberto no fim de 2013 onde a originalidade rima com simplicidade neste acolhedor restaurante.

Com menu a partir de 39€, seu cardápio é alterado de acordo com as estações e, tanto o peixe quanto a carne, permanecem sempre macios e os legumes, bem crocantes.

2, Avenue Bertie-Albrecht
8ème arrondissement
Telefone: 01 53 89 50 53
www.sofitel.com/pt-br/hotel-1296-sofitel-paris-arco-do-triunfo/restaurant.shtml

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Pointe du Grouin, do Chef Thierry Breton



O Pointe du Grouin é o terceiro endereço do Chef Thierry Breton e um prazer para muitos de seus clientes que saboreiam seus sanduíches feitos com pães "maison" e charcuterie impecável, oferece entradas simples e saborosas como o ovo com maionese, a alcachofra com vinagrete e tem ainda sobremesas super baratas como a mousse au chocolat e o kouign-amann, a partir de 4 grouins (4 €), moeda criada exclusivamente para o restaurante.

8, Rue de Belzunce
10ème arrondissement
Telefone: não tem (fala sério... rs)
www.lapointedugrouin.com

terça-feira, 23 de setembro de 2014

La Mare aux Canards: meu galeto em Paris



O La Mare aux Canards (a lagoa dos patos, nome engraçado, mas pertinente) é um lugar imperdível para quem gosta de pato ou de frango assados que fica bem no meio da Forêt de Meudon, a cerca de 30 minutos do centro de Paris.

Há outras opções no cardápio, é claro, mas eu só pego o ½ (meio) pato assado com petits pois e batatas fritas – daquelas que a minha avó fazia, de batata mesmo, sem massa processada e congelada – o que diz muito do lugar: simples e muito bom.

Durante os meses de verão, podemos desfrutar da sua área externa, com abrigo de grandes ombrelones e aproveitar todo o frescor da Forêt Domaniale de Meudon, com suas diversas trilhas, vegetação fechada e lagos.

Carrefour de la Mare Adam
Meudon la Forêt
Telefone: 01 46 32 07 16
www.lamareauxcanards.fr

Nota do autor:
Nota é original de  29/08/2011, mas estive hoje no restaurante, resolvi atualizá-la e republicá-la.










segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Os belgas invadiram Paris



A Cidade Luz vive uma febre de pâtisseries especializadas em, por assim dizer, temas únicos e a moda chegou à famosa especialidade belga, que se estabeleceu em ótimos endereços da capital.

Na Idade Média esses pequenos bolinhos assados entre dois ferros quentes eram servidos aos monges ou vendidos nas saídas das igrejas sendo os francos os chamavam "wafla" enquanto os ingleses o chamaram de "waffle".

Na Bélgica, praticamente toda cidade tem a sua especialidade, e nos Estados Unidos existe até mesmo o "Waffle Day", que é comemorado no dia 24 de agosto.

Abaixo temos a receita do Chef Pascal Jolly, do Chez L’Ami Martin de Paris e que, segundo ele, ideal para o café da manhã, que pode ser acompanhada por complementos doces ou salgados.

Ingredientes:

  • 5g de açúcar
  • 100 ml de água filtrada
  • 340 ml de leite integral
  • 550 ml de cerveja leve tipo pilsen
  • 640 g de farinha de trigo
  • 10 g de fermento fresco
  • 6 ovos brancos, tipo comum
  • 150 g de manteiga sem sal derretida

Modo de preparo:

  • Dissolver o fermento dentro da metade da água, a temperatura ambiente. Misturar, numa vasilha de inox, a farinha de trigo com açúcar e depois incorporar os ovos e o leite, deixando a massa lisa. Acrescentar o fermento dissolvido e a cerveja, e no final, incorporar a manteiga derretida.
  • Peneirar a receita e deixa descansar 1 hora na geladeira antes de usar.

E em Paris, onde podemos comer bons waffles? Vamos conferir logo abaixo.

WAFFLE FACTORY

Seus waffles – redondos ou quadrados, doces, salgados ou até recheados – fazem parte da cena gourmet de Paris há mais de quinze anos no Forum des Halles, onde fica aberta durante
sete dias da semana com preços entre de 2,50€ (doce) a 5,90€ (salgado) e 0,70€ por ingrediente adicional.

5, Rue du Cinéma
1er arrondissement
Telefone: 01 42 21 46 63
www.wafflefactory.com



MEERT

Originalmente de Lille, ao norte da França e perto da fronteira com a Bélgica, onde a Meert está instalada na Rue Esquermoise desde 1761. Seus waffles achatados com recheio de baunilha de Madagascar é um sucesso arrebatador. Em 2010 abriu sua filial parisiense, que conquistou uma super clientela fiel – menos às segundas-feiras, quando fecha. Seus preços ficam entre 2,50€ por unidade ou meia dúzia por 7,50€ (mini) e 15€ (normal).

3, Rue Jacques-Callot
6ème arrondissement
Telefone: 01 56 81 67 15
www.agaufremeert.com



LE COMPTOIR BELGE

Esta é a casa do autêntico waffle de Liège e, mesmo sendo mínima, atrai multidões de parisienses ao seu balcão. Utiliza massa com fermento e seu tempo de cozimento é mais longo, fazendo que fique crocante e macia ao mesmo tempo. Básico ou com chocolate, é de dar água na boca nos sete dias da semana que fica aberto e seus preços são básico a 3€ e com chocolate a 3,50€.

58, Rue des Martyrs
9ème arrondissement

Telefone: 09 84 21 96 88


domingo, 21 de setembro de 2014

A Edição 2014 do Les Marchés Flottants du Sud-Ouest

















Termina hoje a Edição 2014 do Les Marchés Flottants du Sud-Ouest, que é um evento dos Departamentos (o equivalente aos estados) do Gers, Lot-et-Garonne e Tarn-et-Garonne, dedicado ao sudoeste da França e que acontece todos os anos - essa foi a 15a. edição - entre o Quai de la Tournelle e o Quai Montebello, bem em frente à Notre Dame.

Este ano o mercado contou com mais de 40 produtores de vinhos, licores, temperos, confiseries, escargots, queijos, frutas, foie gras, conservas e embutidos e teve mais de 200.000 visitantes que lá estiveram em seus três dias - 19, 20 e 21.

Uma curiosidade: os habitantes do sudoeste da França são considerados como os mais bem humorados de todo o país.









sábado, 20 de setembro de 2014

Air France tem greve prorrogada até o dia 26



Os sindicatos que representam os pilotos da Air France decidiram nesta sexta-feira estender a greve, que já dura cinco dias. Inicialmente prevista para terminar na próxima segunda-feira, 22, a paralisação agora só deve durar pelo menos até o dia 26, próxima sexta. Com isso, a expectativa é que a companhia continue operando com apenas 40% da capacidade, uma vez que 60% dos comandantes aderiram ao protesto.

“Lamento que nossas propostas concretas, preparadas para garantir os direitos de nossos pilotos, não tenham, até agora, recebido uma resposta razoável”, disse o diretor-executivo da Air France, Frederic Gagey, em comunicado.

A paralisação foi convocada após a aérea francesa anunciar planos para transferir parte de suas operações para a subsidiária Transavia, de baixo custo. Os pilotos temem que a estratégia resulte em cortes de custos e salários.

Na quinta-feira, o SNPL, um dos três sindicatos responsáveis pelo protesto, já havia antecipado que os pilotos grevistas poderiam decidir estender a paralisação por tempo “indeterminado”, se suas demandas não fossem atendidas.

Segundo a Air France, a greve de pilotos tem causado prejuízo de até € 15 milhões por dia, o que ameaça reduzir a pó os € 78 milhões de lucros antes de impostos, que analistas preveem que a companhia deve ganhar neste ano.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Niki de Saint Phalle redescoberta



O jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou hoje, uma boa matéria sobre a redescoberta da artista francesa Niki de Saint Phalle sua exposição que conta com mais de 200 de seus trabalhos e documentos de arquivos. Abaixo reproduzo e recomendo a leitura, segue o texto:

"Catherine Marie-Agnès Fal de Saint Phalle veio ao mundo em 1930, no subúrbio chique de Neuilly-Sur-Seine, na França, no berço de uma família franco-americana aristocrata e de banqueiros em falência pela crise financeira de 1929. Na contramão do destino que lhe fora programado — o papel de esposa submissa aos códigos sociais —, tornou-se Niki de Saint Phalle, artista autodidata politicamente engajada, militante feminista e autora irreverente de uma vasta e original obra, geralmente desconhecida do público em sua totalidade. A mostra inaugurada nesta semana pelo Grand Palais na capital francesa, em cartaz até fevereiro de 2015, promove ao mesmo tempo a redescoberta da artista e do personagem, com a exibição de mais de 200 de seus trabalhos e documentos de arquivos em um espaço de 2 mil m².

Galeria
Veja imagens da exposição 'Niki de Saint Phalle'

O nome Niki de Saint Phalle evoca comumente as célebres “Nanás”, sua série de bonecas gigantes, alegres e coloridas, parida nos anos 1960; a Fonte Stravinsky, incontornável conjunto de 16 esculturas instalado ao lado do Centro Pompidou, em Paris — criado com a colaboração do escultor suíço Jean Tinguely (1925-1991), seu parceiro artístico e também amante —; ou o seu Jardim dos Tarôs, concebido entre 1979 e 1993, na Toscana. Mas sua arte vai muito além disso, ressalta Camille Morineau, curadora da exposição e também autora de um breve ensaio sobre Saint Phalle:

— É uma artista violenta, rebelde, política, de uma radicalidade incrível, que se interessou muito pelas questões de seu tempo. Foi uma das primeiras artistas feministas, e tinha um discurso provocador, por vezes propositalmente caricatural e com humor para enfrentar o mundo machista da época. Além das conhecidas “Nanás”, existem suas séries “Noivas”, “Mães devoradoras” ou a poética “Partos”, por exemplo.

Pintora, escultora, desenhista, gravurista, cineasta experimental, a bela Niki de Saint Phalle posou como modelo de capa de revistas como “Vogue”, “Elle” ou “Harper’s Bazaar”; inventou performances; participou das origens da pop art; lutou contra a discriminação racial e pelos direitos cívicos americanos; se engajou no combate à Aids — fez inclusive um livro infantil educativo sobre o tema —; e foi uma das pioneiras no uso da mídia para divulgar suas ideias e sua arte.

— Foi uma mulher corajosa, vinha de um meio burguês e aristocrata, rebelou-se contra a herança familiar e entrou na vida boêmia de um grupo de artistas do bairro parisiense de Montparnasse, sem dinheiro no início e numa vida difícil, na qual produziu uma arte subversiva para a época — sustenta Morineau.

Casada em Nova York em 1949, aos 19 anos, com o norte-americano Harry Mathews, três anos depois ela deixou os Estados Unidos da caça às bruxas do comunismo em pleno Macartismo para se instalar na França. Em 1953, em meio a uma crise depressiva, foi internada por seis semanas no hospital psiquiátrico de Nice. Diagnosticada pelos médicos como esquizofrênica, sofreu um tratamento de choques elétricos. Neste período, fez suas primeiras pinturas e também colagens com elementos buscados no jardim do hospital.

— Ela teve uma grave depressão nervosa. Foi erroneamente diagnosticada como esquizofrênica. E é no hospital que decide se tornar uma artista. A partir deste momento , ela se “cura”. É via seu trabalho criativo que veiculará as suas fortes emoções, a paixão, a violência, em toda sua amplitude — diz a curadora.

CALAFRIOS POR GAUDÍ

“Pintar acalmava o caos que agitava minha alma. Era uma forma de domesticar os dragões que sempre surgiram em meu trabalho. Sem isso, prefiro nem pensar no que poderia ter me acontecido”, escreveu a artista em “Harry and me — The family years”, uma de suas obras autobiográficas. Em uma temporada na Espanha, ficou impressionada diante de obras de Goya, Brueghel, El Greco e Jérôme Bosch no Museu do Prado, em Madri. Mas seu grande choque artístico ocorreu na visita ao parque Güell, projetado por Antoni Gaudí (1852-1926), em Barcelona. “No parque Güell, senti calafrios, raios. Tremia por tudo. Naquele dia, meu destino estava claro. Sabia que um dia também faria, do meu jeito, um jardim de felicidade”, disse numa entrevista.

Sua reputação artística debutou, no entanto, com sua série “Tiros”. Em 12 de fevereiro de 1961, em seu ateliê parisiense no Impasse Ronsin, protagonizou a primeira de suas numerosas sessões com sua carabina de cano longo calibre 22. Disparava contra objetos cuidadosamente escolhidos, grudados em uma tela e cobertos por uma camada de gesso que tinha em seu interior sacos de plástico repletos de tinta. O impacto dos projéteis liberava as cores e criava a obra instantânea. Após assistir à performance de estreia, o crítico de arte Pierre Restany convidou Saint Phalle a ser a única mulher a integrar o grupo dos Novos Realistas, formado por artistas como Yves Klein, Arman, César e Martial Raysse, além do próprio Tinguely, e que se autoproclamava herdeiro de Marcel Duchamp, do movimento dadaísta e do surrealismo (mais tarde, ela se tornaria amiga de Jasper Johns e Robert Rauschenberg, dois nomes da pop art americana).

“Imaginava a pintura se pondo a sangrar. Ferida, da forma como as pessoas podiam ser feridas. Para mim, a pintura se tornava uma pessoa, com sentimentos e sensações”, escreveu em uma de suas cartas imaginárias. Para Camille Morineau, a série de tiros alcança um significado social e político:

— Ela atira contra Kruschev, Kennedy, De Gaulle (na obra “King Kong”, de 1963, referência aos líderes implicados nos conflitos mundiais e um alerta contra a ameaça nuclear), contra a representação do patriarcado e a religião — assinala.

“NOVA SOCIEDADE MATRIARCAL”


Em sua denúncia do fracasso do comunismo e do capitalismo, Saint Phalle reclamava por uma “nova sociedade matriarcal”, e após os tiros se dedicou a esculpir “grandes criaturas à glória da mulher”. Em 1966, apresentou em Estocolmo, na Suécia, sua monumental e efêmera naná “Hon”, uma “deusa pagã da fertilidade” de 28 metros de comprimento, seis metros de altura e nove metros de largura, pesando seis toneladas. A escultura abrigava no seio direito um planetário, e no outro, um milk-bar equipado com um triturador de garrafas de Coca-Cola; no braço esquerdo foi instalado um cinema que projetava o primeiro filme de Greta Garbo; em uma das pernas, as crianças podiam brincar de tobogã, e a vagina foi desenhada como a porta de entrada. Em três meses, cerca de cem mil visitantes formaram filas para penetrar no que foi chamado de “a maior puta do mundo”.

A denúncia da opressão e dominação masculina também se introduziu em sua arte por uma trágica experiência pessoal: aos 11 anos, foi abusada sexualmente pelo pai. “O verão das serpentes foi aquele em que meu pai, este banqueiro, este aristocrata, colocou seu sexo na minha boca”, escreveu em 1994, aos 63 anos, em “Meu segredo”, livro em que revela publicamente a agressão. Antes, em 1972, havia dirigido e protagonizado o filme “Daddy”, no qual dispara contra a imagem do pai na obra “A morte do patricarca”.

— Ela não quis contar isto antes porque temia que sua arte fosse vista através desse episódio, o que não seria justo — argumenta Morineau. — É verdade que viveu essa violência pessoalmente, mas é um tema que de toda maneira iria abordar em seu trabalho. Tive oportunidade de ver o reverso da tela em questão, e pode-se perceber onde ela mirou os tiros: nas partes genitais e no coração.

Niki de Saint Phalle morreu em 21 de maio de 2002, pelo agravamento de sua insuficiência respiratória crônica. Em sua autobiografia, “Traces” (1999), anotou: “Decidi desde cedo que seria uma heroína. Quem seria? George Sand? Joana d’Arc? Um Napoleão de saias? Que importa! O importante é que foi difícil, enorme e excitante!”.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

De Tarsila a Santos Dumont: os brasileiros em Paris

 

Maurício Torres Assumpção mudou-se para Paris em 2008 e seu primeiro endereço foi perto da sede do Partido Comunista Francês, projetado por Oscar Niemeyer. Foi lá que ele teve a ideia de pesquisar personagens e curiosidades brasileiras na cidade, assunto de “A história do Brasil nas ruas de Paris", pela Editora Casa da Palavra.

O livro lembra, por exemplo, das feijoadas de Tarsila do Amaral em seu apartamento perto do Rio Sena, e do dia em que Santos Dumont aterrissou o seu dirigível em plena Champs-Élysées, onde morou. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Pequenos ritos em Paris, por Zeca Camargo




Reproduzo a seguir um artigo publicado na Folha de São paulo no dia 11 de setembro passado por Zeca Camargo, 51 anos, jornalista, apresentador do 'Vídeo Show', da TV Globo, e autor de livros como 'A Fantástica Volta ao Mundo' (2004) e '1.000 Lugares Fantásticos no Brasil' (2006).

Brigitte não sabe que é minha musa. Desconfio que ela nem sabe da minha existência. A não ser por uma garrafa de Calvados que meu irmão certa vez me trouxe, autografada por ela, duvido que Brigitte tenha perdido sequer um minuto pensando na minha pessoa. Aliás, não tenho certeza nem se seu nome é Brigitte (mesmo que tenha o escrito naquela dedicatória), mas é assim que eu a chamo desde que, numa madrugada de um frio sádico, eu pedi a ela que me servisse o último copo do dia. De Calvados, claro.

Simplificando, Calvados é um "conhaque de maçãs", produzido na região da Baixa Normandia. E é forte. O nocaute já vem no olfato –o nariz sempre o recebe antes da boca. Brigitte serve a todos com um velado entusiasmo –sua figura, uma espécie de negativo da Capitu de "Dom Casmurro": tudo nela lembra ressaca, menos os olhos atentos. Se vou a Paris, passo pelo bairro do Marais para vê-la no La Belle Hortense –um bar graciosamente compartido com uma livraria. E tomo ao menos uma dose.

Esse pequeno ritual soma-se a outros tantos que eu gosto de cumprir na cidade. Também tenho "mania" de ir à Sainte-Chapelle e fazer uma oração qualquer –sempre me lembrando da peça que meu tio que me levou lá pela primeira vez pregou: depois de mostrar o ligeiramente convencional piso térreo, ele perguntou sem entusiasmo se eu queria ver o andar de cima; subi sem vontade até que fui surpreendido pelos vitrais mais incríveis de uma cidade que não tem escassez deles.

Gosto ainda de revisitar a primeira Fnac que conheci, em Les Halles, com seus infindáveis corredores de livros e discos –que naqueles idos dos anos 80, ainda eram de vinil. Lembro-me especialmente de um diálogo inusitado com alguém que conheci na sessão de música brasileira, que me perguntava se eu gostava de Paris; eu, com meu francês ainda tosco, tentava explicar que sim, mas que minha paixão mesmo era, na época, Londres –numa típica confusão de tradução entre os verbos "amar" e "gostar".

Se passo pelo Louvre, faço um desvio rápido até a Rue du Pelicán –endereço do albergue que fiquei nos meus tempos "de mochila". E, quando posso, vou ainda à torre –aquela torre!– que uma noite fui revisitar por impulso, pedindo ao motorista do táxi (num francês já mais polido), que desviasse do caminho do hotel e levasse aquele apaixonado casal (do qual eu fazia parte) para ver as luzes cintilando naquela estrutura de ferro.

Afinal, a graça maior de Paris é poder apresentá-la a alguém –uma lição que aprendi na minha estreia na cidade. Foi com minha tia Beatriz, mulher do tio (Mario) que me mostrou a Sainte-Chapelle. Antes dos vitrais, antes da torre, antes de tudo, no primeiro dia que cheguei –aos 16 anos–, ela me levou para passear de carro por aquelas ruas deslumbrantes. Era já noite e eu não sabia para onde olhava! Percebendo meu encantamento, tia Beatriz perguntou casualmente se eu estava gostando. Eu mal sabia o que responder. Ela então disse: "Eu sei como é, eu tenho inveja de quem conhece Paris pela primeira vez".

Parece um comentário arrogante, mas foi das coisas mais generosas –e sábias– que ouvi dessa minha tia que é até hoje muito querida. Ela não falou num tom esnobe, mas com uma genuína nota de saudade, dos primeiros momentos que viveu por lá ainda moça, e podia reviver então na excitação do meu olhar. E é isso que eu procuro também quando viajo ou encontro com alguém que está sendo apresentado a um canto da cidade –ou a ela toda!

Mas já que essa sensação eu não posso mesmo reproduzir, que a experiência de se apaixonar por Paris possa sempre ser revisitada no Calvados de Brigitte. Não vejo a hora de poder tomar o próximo copo.

Paris vai retirar os 'cadeados do amor'



Com cerca de 700.000 cadeados - que pesam cerca de 500kg por painel, ou seja quatro vezes mais que o limite de segurança - em suas pontes, a Prefeitura de Paris encontrou uma maneira de substituir essas grades.

Passará a utilizar como guarda-corpo painéis transparentes. A experiência começará na semana que vem na Pont des Arts, a primeira ponte a sofrer com essa estranha mania turística.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Ducasse decreta: menos carnes vermelhas em seus menus

O chef Alain Ducasse, que reabre em setembro seu restaurante no Plaza Athénée

Um dos grandes nomes da gastronomia francesa, o Chef Alain Ducasse reabriu, segunda-feira passada (8), seu restaurante no hotel Plaza Athénée, em Paris – o hotel ficou fechado para passar por uma grande reforma e tem sido reaberto gradualmente desde agosto.

Além da reforma física, o Alain Ducasse au Plaza Athénée, conhecido pelo luxo (que será mantido), terá uma pequena revolução no cardápio.

Ducasse, cozinheiro que mais tem estrelas "Michelin" no planeta – sendo três delas para o restaurante do Plaza Athénée –, priorizou ingredientes orgânicos em seu novo menu.

Nessa toada, que valoriza o que ele chamou de "naturalité", a carne vermelha perdeu espaço considerável. Ainda haverá pratos com ela, mas os preparos básicos e as estrelas do cardápio, agora, serão "peixes, cereais e vegetais, apresentados de forma excepcional", nas palavras do Chef à agência France Presse.

"É uma nova expressão da alta cozinha francesa contemporânea", disse. "O planeta tem recursos cada vez mais raros, então temos que consumi-los de forma mais ética e justa".

O Chef também se disse em uma cruzada obsessiva para "eliminar o açúcar".

Segundo Ducasse, quanto mais "humildes" os ingredientes, mais complexo é o trabalho com eles. Citando uma sardinha que estará no menu, ele afirmou considerar o prato "15% sardinha e 85% trabalho".

Entre os destaques do novo menu estão arroz negro com mariscos, lula e polvo, e peixe com trigo no tagine.

Os preços, vale dizer, não passaram por nenhuma revolução: o menu deve custar € 380, sem bebidas.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Air France não voa, mas expõe no Grand Palais

Apesar da greve de pilotos estar afetando mais de 70% dos voos diários da empresa aérea francesa com prejuízos diários na ordem de 15 milhões de euros, a companhia lançou uma exposição magnífica no Grand Palais sob o tema "Air France, France is in the air".

Esta exposição, que já esteve em cartaz em Shangai e New York, foi concebida para compartilhar com seus clientes o novo conceito de viagem da empresa que comemora seus 80 anos.

Em cartaz até o dia 21, esta é uma oportunidade única para descobrir a arte de viajar de forma bem poética pelo universo Air France: suas novas classes e cabines e seu passado, contado através de objetos diversos, como uniformes e bolsas que têm viajado o mundo pelos últimos oitenta anos.
















Grand Palais
Fechado as terças-feiras
3, Avenue du Général-Eisenhower
8ème arrondissement
Telefone: 01 44 13 17 17
www.grandpalais.fr