sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Halloween e zumbis assombram Paris

Antes do show "La Peste" na casa noturna "assombrada" Le Manoir, em Paris, artistas fantasiados como zumbis distraíram os clientes que aguardavam para o ver o espetáculo, ontem (30), véspera do Halloween, comemorado hoje (31).

Zumbis entreteram pessoas antes de show em Paris (Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)

Casa assombrada Le Manoir é atração da capital Paris (Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)

Zumbis animaram antes de show (Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)


A Catedral de Chartres e seus vitrais maravilhosos

Como falamos em crônicas anteriores, a Catedral de Chartres é uma das mais imponentes de toda a França e juntamente com a Catedral de Notre-Dame de Reims, são as catedrais góticas mais importantes do país – batendo inclusive a Catedral de Notre-Dame de Paris – e é classificada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO.

Sua construção foi iniciada em 1145, reconstruída após o incêndio de 1194 e foi consagrada na presença do Rei Louis IX em 1260, mas ao contrário da Catedral de Reims que assistiu a diversas coroações, apenas Henri IV foi aqui coroado.

Com uma imensa nave central, adornos, estátuas e 150 janelas com vitrais em notável estado de conservação, Chartres é uma obra-prima da arquitetura gótica, quase que inigualável com seus mais de 10.000m², 130m de comprimento e largura de 46m.













Maison de la Radio France, em Paris, pega fogo

Maison de la Radio pegou fogo nesta sexta (Foto: Thomas Samson/AFP)

Um incêndio atingiu a famosa "Maison de la Radio", sede da Radio France, a rádio pública francesa nesta sexta feira (31). Por volta das 12h00 (horário de Brasília) o fogo já havia sido controlado. Um representante dos bombeiros disse que não houve vítimas no incidente.

O fogo ocorreu no oitavo andar do edifício e o calor fez com que várias janelas estourassem. As chamas, no entanto, não chegaram a se alastrar por todo o andar. Os funcionários foram evacuados.

A Radio France opera diferentes emissoras. Segundo o jornal "Le Monde", as transmissões das rádios France Info, France Inter e France Culture chegaram a ser temporariamente suspensas.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O L'Ami Louis revisitado

Há coisa de seis anos atrás, ainda morando no Brasil, cá estive em companhia de dois casais amigos, Daniel e Lucia e também o Nicolla e a Mari, os quatro paulistas sensacionais e maravilhosos publicitários.

O Nicolla tinha um desejo e nada que do falávamos o demovia de sua ideia fixa: jantar no L'Ami Louis e lá fomos todos (eu e minha mulher como convidados dos quatro, ufa!).

O L'Ami Louis é um restaurante tradicional, com garçons muito mal humorados e uma fachada que já viu melhores dias – diria que seria uma mistura de Bar Lagoa com o Lamas – e fica na Rue Vertbois, 32, no 3º arrondissement, em uma parte do bairro considerada boa, mas não tão chic quanto a região do Marais, parte do mesmo bairro.

Nos idos de 1930 foi uma das mais brasseries famosas (cervejarias) de Paris, quando servia seus excelentes pratos em porções abundantes: vitela, cordeiro, confit de pato, foie gras servido no mármore, escargots,  mas o melhor mesmo é frango de Bresse, assado inteiro e servido com galette de pommes de terre (uma montanha de batatas fritas, que mais parece uma fogueira de São João): é molhadinho por dentro, serve duas pessoas e tem um sabor excepcional.




O lugar tem um certo número de descontentes, que o acham muito caro e que deve haver melhor comida em paris, que absurdo – seus preços variam de 75€ a 135€, em média – mas posso assegurar que, mesmo para um pão duro como eu, vale cada centavo.

E não poderia deixar de contar que o entre os amigos franceses do Louis estão Nicolas Sarkozy, Jacques Chirac, François Pinault, Carole Bouquet e Martin Bouygues.

Já entre os “de fora”, além do missivista, estão Bill Cinton, Mikhail Gorbatchev, John Galliano (este hoje em dia em baixa aqui na França), Sharon Stone, Tom Cruise, Woody Allen, Francis F. Coppola, Liz Hurley e Robert de Niro, apenas para citar poucos.

Na carta de vinhos chama a atenção um Pétrus 1986 – por 10.910,00 €.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O sensacional metrô de Paris



Confesso que há muitos anos deixei de ser usuário do metrô aqui em Paris, muito mais por uma frescura do que por conta do serviço, que é excepcional. Acontece que gosto tanto de ver a cidade que prefiro andar a pé ou em qualquer outro meio que seja de superfície.

O Métropolitain de Paris, que era chamado antigamente de Chemin de Fer Métropolitain, serve Paris e suas cidades vizinhas na “agglomération parisienne” com 16 linhas: as de 1 a 14 (esta última é completamente automática, ou seja, não tem motorista de cabine) e ainda duas linhas menores, a 3bis e a 7bis, que se separam das linhas originais 3 e 7.

O serviço foi inaugurado com a Linha 1, em 19 de julho de 1900, após décadas de discussões políticas sobre as rotas e construção e pequenas seções das atuais linhas 2 e 6 (ainda 2, à época) foram completadas no mesmo ano para servir a Feira Mundial e é hoje o quarto maior sistema de metropolitano da Europa Ocidental, após o Metropolitano de Londres, o Metropolitano de Moscou e o Metropolitano de Madrid.

Com cerca de 213 km de linhas, mais de 300 estações e um movimento diário superior a 5 milhões de passageiros, um dos seus aspectos mais famosos são suas 86 entradas em estilo Art Nouveau de Hector Guimard que ainda permanecem em utilização e que tão bem simbolizam Paris.

Diz-se que a distância média entre uma estação e outra (mesmo de linhas diferentes) é sempre de aproximadamente 300m e uma segunda rede de linhas expressas regionais, a RER (Réseau Express Régional), complementa a rede original do metrô desde a década de 1960.







terça-feira, 28 de outubro de 2014

Hollande toma dura do Femen

Jovem se aproximou de Hollande, mas foi reprimida pelos seguranças

O presidente francês, François Hollande, foi abordado na terça-feira por duas ativistas do Femen durante uma visita a Paris. As duas jovens, com os seios a mostra, se aproximaram de Hollande, mas foram rapidamente reprimidas pelos seguranças.

As ativistas questionaram o presidente sobre a condenação de uma deles por “exposição indecente”, considerada como injustificada pelo grupo feminista. Primeiro, uma delas chegou perto de Hollande, mas foi retirada pelos guardas. Logo em seguida, outra apareceu e se aproximou ainda mais do francês. Assista ao vídeo.

— Somos acusadas ​​de exposição sexual na França, é porque sou doente mental ou uma feminista? — perguntou uma delas ao presidente.

Com calma e sorrindo, Hollande respondeu à mulher

— Você é uma feminista, eu entendo. Você não é uma doente mental, mas não tem o direito de se colocar em uma situação dessa — disse o presidente francês.

Um grupo de 30 feministas protestaram no domingo em frente aos portões do Palácio da Justiça, em Paris, contra as acusações a duas ativistas por exibicionismo sexual. Com os seios nus, as integrantes do Femen levavam vários cartazes que diziam: “isso é política”, “meu corpo, meu manifesto”.

Elas também pediam que fosse retirada a multa de € 1.500 a Yana Jdanova, condenada no dia 15 de outubro por exibicionismo e degradações, depois que ela atacou a estátua de cera do presidente russo Vladimir Putin, no museu Grévin.

No dia anterior, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, foi empurrado por um homem ao sair do Leeds Civic Hall, num episódio que revelou uma falha em sua segurança. Cameron foi levado rapidamente para o carro, enquanto o homem era imobilizado, mas não sem antes passar pelo susto.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Taillevent, mas pode chamar de Gusteau's

 

O Taillevent, fundado em 1946, possuía até 2007 três estrelas do Guia Michelin (hoje tem duas) e ocupa um hôtel particulier do Século XIX situada no número 15 da Rue Lamennais, no 8ème arrondissement.

Com sua decoração sóbria, tem uma equipe de salão que dá atenção constante e exclusiva aos clientes e uma cozinha de excelência – ou seja, uma das melhores do mundo, sem exageros – o Taillevent é um dos restaurantes que mais gosto.

Uma curiosidade: vocês lembram daquele filme Ratatouille, que tem um ratinho chamado Rémy que vivia em Paris e que sonha em se tornar um Chef de Cuisine?

Pois é, um dia os produtores da Pixar lá estavam almoçando e disseram ao maître: vamos produzir um desenho animado com elementos sobre gastronomia francesa e vai se passar em um restaurante de Paris - aliás, vamos fazer como se fosse aqui.

E assim foi, o Gusteau's - restaurante estilizado - onde o desenho se passa é na realidade o Taillevent e o maître do desenho foi dublado pelo maître real - Jean-Marie Ancher - que vez ou outra aparece nos salões com seu paletó com o ratinho bordado onde se lê "Ratatouille", presente da equipe do filme.

15, Rue Lamennais
8ème arrondissement
Telefone: 01 44 95 15 01
www.taillevent.com

O cardápio atual, preparado pelo Chef des Cuisines, Alain Solivérès, é composto por:

ENTRADAS

Rémoulade de Tourteau à l'Aneth
Sauce Fleurette Citronnée

Légumes du Moment
Fleur de Sel et Huile d'Olive

Boudin de Homard Bleu
"Tradition Taillevent"

Epeautre du Pays de Sault en Risotto
Cuisses de Grenouilles

Caviar Osciètre à la Cuillère
(les 10 grammes)

Large Pâte Imprimée d'Herbes
Coquillages et Crustacés

Foie Gras de Canard des Landes
Gelée au Verjus

Tourte de Lapin de Garenne
Salade de Pissenlits


PEIXES

Dorade de Ligne
Artichauts Poivrade, Agrume et Huile d'Argan

Turbot Sauvage à la Moëlle
au Vin de Saint-Estèphe

Homard Bleu en Cocotte Lutée
Pommes Granailles et Châtaignes

Bar de Ligne
Poireaux, Champagne et Caviar Osciètre


CARNES

Canard Colvert aux Epices
Sauce Bigarade

Tournedos de Boeuf Rossini
Pomme de Terre Anna

Poulette de Bresse à la Rôtissoire
Beurre de Noix sous la Peau (pour deux personnes)

Lièvre de la Beauce
A la Royale

Côte et Selle d'Agneau de Lozère
Sarriette et Piment d'Espelette

Chausson Feuilleté de Ris de Veau et d'Ecrevisses
Sauce Nantua


SOBREMESAS

Fromages Affinés

Chocolat Taïnori, Riz Soufflé Craquant
Crème Glacée à la Pistache

Clémentines Sauvages de Corse
Parfait Glacé

Saint-Honoré à la Vanille de Tahiti
Caramel Beurre Salé

Glaces ou Sorbets aux Saveurs de Saison

Mangue au Poivre de Sichuan
Fruits Exotiques, Sorbet Passion Citronnelle

Chocolat Guanaja, Streuzel Chocolat
Sorbet Cacao

Crêpes Suzette

Soufflé Chaud au Chocolat









domingo, 26 de outubro de 2014

Frank Gehry em retrospectiva no Centre Georges Pompidou

Fundação Louis Vuitton, no parque Bois de Boulogne: 'Minha ideia era construir um prédio em movimento, como uma nuvem que muda graças à luz' Foto: Iwan Baan / Divulgação
Fundação Louis Vuitton, no parque Bois de Boulogne:
'Minha ideia era construir um prédio em movimento, como uma nuvem que muda graças à luz'
O jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou hoje uma boa matéria sobre Frank Gehry, o arquiteto que assina prédio da Fundação Louis Vuitton, inaugurado na semana passada, e que ganha sua maior retrospectiva na Europa, no Centre Georges Pompidou. Abaixo reproduzo e recomendo a leitura, segue o texto:

"É conhecida a frase pronunciada pelo arquiteto Frank Gehry quando adentrou pela primeira vez um de seus mais celebrados projetos, o Guggenheim de Bilbao, na Espanha, ao estar completamente finalizado.

— Oh, meu Deus, o que eu fui fazer para essas pessoas? — indagou o criador face a sua obra.

O assombramento do canadense naturalizado americano diante de suas construções já não é o mesmo de outrora, mas sua imaginação ainda surpreende pelo mundo. A mais recente prova é a Fundação Louis Vuitton, antigo sonho do empresário e mecenas Bernard Arnault, proprietário da célebre marca de luxo, tornado realidade pelas pranchetas do arquiteto.

Inaugurado na semana passada pelo presidente francês, François Hollande, com abertura ao público amanhã, o prédio se impõe em meio ao parque Bois de Boulogne como uma nave composta de enormes 12 velas de vidros sobrepostas, que parecem infladas pelo vento, numa superfície de 11 mil m². Definições não faltaram para designar as formas do edifício, de “meteorito” a “barco a vela”.

— Minha ideia era construir um prédio em movimento, como uma nuvem que muda sem cessar sua aparência graças à luz — disse Gehry, ao descrever sua criação também como “um iceberg posto no solo”.

Com vista de seus terraços superiores para o bairro moderno de La Défense, a Torre Eiffel e os céus de Paris, a fundação possui uma localização privilegiada, colada ao Jardim de Aclimatação. Frank Gehry vê seu projeto — uma aventura que levou 12 anos para ser concluída —, como um work in progress, um projeto em constante evolução, de acordo com as obras que nele serão exibidas.

— Eu fabriquei o violino, cabe agora a ela tocar a música — afirmou ele, referindo-se a Suzanne Pagé, diretora artística da fundação.

O local foi concebido como um nobre espaço de arte contemporânea na capital francesa, constituído de 11 galerias e um auditório em 7 mil m² acessíveis ao público, com capacidade de receber até 1,6 mil visitantes simultaneamente. A ideia é expor obras da coleção permanente de Bernard Arnault e promover mostras de artistas importantes, além de eventos variados, como leituras poéticas ou shows — apresentações do Kraftwerk e do pianista Lang Lang já estão confirmadas. Na primeira fase da abertura, poderão ser apreciados trabalhos de nomes como Gerard Richter, Christian Boltanski, Olafur Eliasson, Taryn Simon, Sarah Morris, Bertrand Lavier ou Thomas Schütte.

225 DESENHOS E 67 MAQUETES

Concomitante aos festejos de inauguração do novo espaço artístico parisiense, o Centro Pompidou organizou a maior retrospectiva europeia de Frank Gehry, com o objetivo de fazer uma leitura global de seu trabalho desde os anos 1960 até hoje. A mostra acolhe 225 desenhos e 67 maquetes e vídeos guardados nos arquivos do arquiteto, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O portfólio responsável por sua projeção internacional revela criações como a Casa Dançante, em Praga; o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles; o Centro Stata, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês); ou a Torre Beekman, em Nova York, entre tantas outras.

Para Aurélien Lemonier, um dos curadores da exposição, além da forma e da questão urbana, Gehry possui uma “capacidade extraordinária de questionar os dogmas, as convenções e as doutrinas da arquitetura”.

— Para ele, toda forma de questionamento é pensável. Essa liberdade é vertiginosa nele, e sua arquitetura é a face visível disso — resumiu.

O curador se disse impressionado em sua visita ao prédio da Fundação Louis Vuitton:

— É um prédio alucinante, onírico, um objeto incrível, que convoca o imaginário. Parece um besouro em sua carapaça, algo fechado. Essa é a percepção que se tem quando se olha do lado de fora. Mas, quando se está em seu interior, o sentimento é de um espaço completamente aberto e permeável, em que somos chamados pela cidade — definiu.

sábado, 25 de outubro de 2014

Afinal, são os franceses que se lavam pouco ou os outros que se lavam muito?

Pessoas se refrescam em fonte na frente da Torre Eiffel, em Paris
Pessoas se refrescam em frente da Torre Eiffel. Foto: Bertrand Guay - AFP


De onde vem a fama de sujos dos franceses? A repórter Taíssa Stivaninda, da RFI, nos ajuda a responder com o texto abaixo, publicado hoje na Folha de São Paulo, que reproduzo e recomendo a leitura. Segue a peça.

"Quem nunca veio a Paris e ficou impressionado com o mau cheiro no metrô? No mundo todo, os franceses são conhecidos pela aversão à higiene pessoal —uma fama que na verdade está longe de ser apenas um clichê. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto francês BVA, publicada em 2012, 20% da população toma banho a cada dois dias e 3,5% se lava apenas 1 vez por semana. Em compensação, 11,5% deles tomam várias duchas por dia.
A desilusão dos franceses com a água merece uma explicação histórica. Na Antiguidade, os banhos públicos eram frequentados pela maioria dos europeus, e foram popularizados pelos habitantes de Roma, onde cada romano consumia em média cerca de mil litros d'água por dia. Mas, a partir do século 15, com o aumento da influência da igreja católica, as termas, que na Idade Média eram mistas, foram fechadas.

"As termas eram consideradas como lugares de prostituição e libertinagem", explica Marylis Macé, diretora do Centro de Informação sobre a Água, em Paris. Foi nessa época, explica, que as pessoas passaram a se limpar com toalhas e aos poucos foram perdendo o hábito do banho.

"O banho começou a ser responsabilizado pelo enfraquecimento do corpo porque entrava pelas narinas, era o que se pensava. Também se dizia que mergulhar nu era uma atitude pagã. Aos poucos, a educação católica passou incutir na cabeça das pessoas que se lavar nu era um incentivo à masturbação. Isso durou muito tempo e o banho se tornou algo excepcional, apenas em casos de doença", explica. Um caso emblemático, diz, é o do rei Luís 14, conhecido como o rei Sol. Ele morreu aos 75 anos e tomou apenas um banho em toda sua vida, depois de uma cirurgia.

Georges Vigarello, um dos maiores especialistas franceses do assunto e autor do livro "Le Propre et le Sale, L'hygiène du corps depuis le Moyen Âge" (que pode ser traduzido como "o limpo e o sujo, a higiene do corpo desde a Idade Média") defende que a ideia do francês sujo é falsa, e se trata apenas de uma percepção. "É um problema complexo, que não se limita a uma questão de diferenças culturais, mas ligado, sobretudo, a uma questão de diferenças industriais", declara. Segundo ele, foram as marcas que transformaram o banho em um momento de prazer.

MOVIMENTO HIGIENISTA

A partir de 1850, depois de uma epidemia de cólera, a França vive um movimento higienista, e novos hábitos passam a ser disseminados nas escolas. Essa transformação social também foi resultado das descobertas de Louis Pasteur sobre o papel das bactérias e dos micro-organismos na transmissão das doenças, associadas ao consumo de água contaminada. Só no século 19, entretanto, a água encanada passou a ser distribuída para a população, mas de maneira lenta, e reservada à elite. Em 1923, apenas 23% das pessoas tinham acesso à água potável, que, durante muito tempo, a água foi trazida pelos carregadores.

A água encanada só se expandiu em todo o território francês na década de 80. Para se ter uma ideia, em 1978, 25% das residências francesas ainda não tinham banheiro. Hoje 99% possuem, inclusive na zona rural. Atualmente, de acordo com o Centro de Tratamento da Água, cada francês consome cerca de 150 litros por dia. "O acesso à água encanada certamente melhorou as coisas, mas não resolveu o problema da higiene", declara Marylis Macé.

Um exemplo é a lavagem das mãos. De acordo com o diretora do Centro de Tratamento da Água, apenas 20% dos franceses lava as mãos antes das refeições. Outro exemplo: a maioria da população também não limpa as mãos depois de ir ao banheiro. Mas, paradoxalmente, 90% o faz antes de cozinhar. Marylis Macé conta que esteve recentemente no Brasil e ficou impressionada com a limpeza da população em geral e com a noção de higiene, apesar do país ter uma infraestrutura mais precária do que a França. E questiona: "São os franceses que se lavam pouco ou os outros que se lavam muito?"

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Alain Ducasse abre curso de pâtissier



Segundo informações de O Globo, a escola de gastronomia Alain Ducasse Education está com as inscrições abertas para o programa Pastry Essentials, que abrange técnicas de pastelaria para restaurantes. O curso é destinado a estudantes, cozinheiros profissionais e empresários. Para se inscrever, é preciso ser maior de 18 anos e ter um bom nível de inglês ou francês. As aulas são realizadas na Ecole de Cuisine d' Alain Ducasse, em Paris.

No total, serão ministradas 200 horas de aula em cinco semanas, no período de 2 fevereiro a 6 de março de 2015, para o curso em inglês, e de 9 março a 10 abril , em francês. O curso é dividido em 85% de aulas práticas e 15% de aulas teóricas e trabalho de campo.

Criado em 1999 pelo chef francês Alain Ducasse, o Alain Ducasse Education é um dos mais renomados centros de treinamento de profissionais e estudantes de gastronomia e artes de pastelaria, vinho, pesquisa e consultoria. Desde 2007, a Estácio é a única instituição de ensino superior da América do Sul com parceria e selo internacional Alain Ducasse Education.

No “Pastry Essentials”, os alunos aprenderão um conjunto de habilidades e técnicas de cozimento, incluindo fundamentos de confeitaria. Inovações para assar e decorar as melhores sobremesas de Alain Ducasse, como chocolates, caramelos e pequenos bolos também estão no programa. O limite de dez alunos por turma torna o ensino mais ágil e personalizado, com feedback diário de chefs instrutores para os alunos.

O valor do curso é de € 5.700. Para mais informações sobre valores e inscrições, os interessados devem visitar o site da instituição ou escrever para international@ducasse.com.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

França a mais de 300km/h



O jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou hoje uma boa matéria sobre a malha ferroviária na França, uma das duas maiores da Europa. Abaixo reproduzo e recomendo a leitura, segue o texto:

Viajar de trem a mais de 300 km/h pelas belas paisagens da França se tornou lugar-comum desde a criação do TGV, em 1981, inaugurado no percurso Paris-Lyon. A sigla, hoje bem conhecida de franceses e de estrangeiros, é o resumo de Train à Grande Vitesse (trem de alta velocidade), em três letras que ambicionam aliar comodidade e praticidade, conforto e rapidez. Embora o TGV francês tenha imposto sua marca, a primeira linha de trem rápido europeia foi a italiana Diretíssima, ligando Roma a Nápoles a 250 km/h. Ao longo das décadas, no entanto, o trem rápido francês multiplicou suas vias, tornando-se a segunda maior rede da Europa, com 2.036 quilômetros (contra oito mil quilômetros de linhas clássicas), atrás da Espanha. Atualmente, o TGV registra mais de 230 destinos na França (divididos nos eixos Norte, Atlântico, Sul e Sudeste) e na Europa, com 800 trens diários e cerca de 130 milhões de passageiros anuais.

A mais recente linha criada, no final do ano passado, une diretamente as cidades de Paris e Barcelona, na Espanha, em 6h25min (duração prevista para ser reduzida para 5h35min quando a integralidade do trajeto for convertida para alta velocidade). No total, 17 cidades dos dois países são contempladas pela ligação Paris-Barcelona, entre elas Lyon, Marselha e Toulouse, pelo lado francês. A inauguração ocorreu com um curioso contratempo: o primeiro trem que partiu da estação de Barcelona chegou em Lyon com dez minutos de atraso, por causa de um rebanho de cabras presente na via férrea nas proximidades da cidade francesa de Béziers.

A velocidade comercial do TGV transita entre 300 km/h e 320 km/h, embora os trens possam alcançar desempenhos bem superiores. Os franceses detêm o recorde europeu de velocidade ferroviária em um teste feito em 3 de abril de 2007, quando o TVG registrou no velocímetro 574 km/h, ou seja, 159,4 m/s. A SNCF, a rede ferroviária francesa, insiste que o TGV não é apenas um trem de alta velocidade, mas toda uma gama de serviços personalizados, segundo as vontade e necessidades do passageiro. Bagagens e veículos, por exemplo, podem ser recuperadas a domicílio antes da viagem e entregues posteriormente no endereço indicado. Já os serviços Junior & Cie e TGV Family permitem que passageiros de 4 a 14 nos de idade sejam acompanhados durante o trajeto, com jogos, brincadeiras e animações.

Ameaçada cada vez mais pela concorrência dos voos low-cost, a SNCF estuda medidas para otimizar sua rede TGV e manter sua atratividade para os passageiros. Para o turistas, o trem ainda permanece como um meio de transporte prático na França além de ser uma janela panorâmica para apreciar as belezas do país.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Musée Picasso reabrirá dia 25 de outubro

Hôtel Salé, do Século XVII onde funciona o museu, foi totalmente reformado
De acordo com epois de um hiato de cinco longos anos, o Museu Picasso, em Paris, reabre suas portas para o público no próximo sábado — data que marca o 133º aniversário do pintor espanhol. Turistas do mundo inteiro podem celebrar a data passeando pelos corredores completamente renovados do Hôtel Salé, um prédio construído no século XVII, localizado no distrito do Marais. O presidente do Museu Picasso, Laurent Le Bon, destaca que o espaço vai abrigar 400 obras do mestre do cubismo, espalhadas por 3.700 metros quadrados.

— Costumamos dizer que a essência desse museu é uma visão de Picasso pelo próprio Picasso. Isso porque foi ele mesmo quem colecionou seu trabalho durante toda sua vida. Essa é a principal particularidade do museu. Aqui, o visitante tem um panorama completo da vida e do trabalho do pintor — diz Le Bon.

A princípio, a reforma estava programada para durar apenas dois anos, mas o prazo de término da obra acabou sendo postergado. Nesse meio tempo, o governo francês enfrentou acusações de má administração nos trabalhos de renovação e teve que lidar com disputas de herdeiros de Pablo Picasso.

Com a reforma avaliada em € 52 milhões, o museu agora dobrou sua capacidade de receber visitantes.

— O que esperamos é ter estrutura para abrigar multidões de turistas — diz o arquiteto responsável pela obra, Jean-Francois Bodin — Não queremos ter apenas 700 mil ou um milhão de visitantes por ano, como tínhamos antes da reforma.

Musée Picasso Paris
Hôtel Salé
5, Rue de Thorigny
3ème arrondissement
Telefone: 01 85 56 00 36
www.museepicassoparis.fr

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Catacombes de Paris terão visitação noturna



Um imenso labirinto cheio de ossos humanos sob as ruas da capital francesa atrai historiadores e milhares de turistas, especialmente no Dia de Finados, que se aproxima, se tornou uma das grandes atrações turísticas da capital francesa, e agora abrirá suas portas também para visitas noturnas.

“Arrète. C'est ici l'empire de la mort”, ou "Pare. Este é o império da morte", diz a advertência na entrada. As catacumbas de Paris são um conjunto de túneis subterrâneos com cerca de dois mil metros de extensão e abriga os ossos de mais de seis milhões de parisienses.

Vinte metros abaixo das ruas medievais de Paris, os labirintos cobertos de crânios atraem tanto aficionados por História como visitantes em busca de um local para festejar o Dia de Finados. As catacumbas, que antes fechavam as portas às cinco da tarde e agora seguem abertas até as oito da noite. Além de receber mais visitantes e reduzir filas, a mudança também ajuda a aumentar a emoção da experiência: um passeio diurno pelas catacumbas é bastante diferente de uma visita noturna.

A transferência dos restos mortais às velhas pedreiras subterrâneas da cidade começou em 1786, quando o Cemitério dos Inocentes, o principal de Paris, foi fechado por razões de saúde pública. A partir de 1809, as catacumbas foram reestruturadas para criar galerias com paredes e pilares formados por ossos, e até mesmo algumas estruturas artísticas com fêmures e caveiras.

Nas galerias, há cartazes com frases e poemas tanto sagrados e profanos. Um exemplo: "Pense de manhã que você não sobreviverá até a noite, e à noite que sobreviverá até a manhã". Valerie Guillaume, diretora das Catacombes de Paris, destaca o aspecto filosófico deste site turístico incomum.

— As catacumbas foram concebidas não como um lugar de horror, mas como uma reflexão sobre o significado da vida e da morte", diz ela.

1, Avenue du Colonel Henri Rol-Tanguy
14ème arrondissement
Telefone: 01 43 22 47 63
www.catacombes.paris.fr





segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Closerie des Lilas, o refúgio de Ernest Hemingway



Paris sempre foi uma festa e serviu de musa inspiradora até para escritores que se tornaram clássicos em outras línguas que não o francês, como Henry Miller, Ernest Hemingway e James Joyce, que certa vez confidenciou a um amigo: "Nenhuma outra cidade é assim. Acordo às 5h e começo a escrever de uma vez". Cheia de histórias, a capital francesa remete a "O corcunda de Notre Dame" e "Os miseráveis", de Victor Hugo, e "A educação sentimental", de Gustave Flaubert.

A região de Montparnasse é conhecida mundialmente por abrigar restaurantes e cafés como o Le Dôme, o La Rotonde, o Le Select, o La Coupole e o Le Boeuf, onde artistas e intelectuais iam e vinham, tentando seu ganha pão e se reunindo em conversas animadas.

Mas para entender de verdade o encantamento que a Cidade Luz exercia e ainda exerce sobre escritores, faça uma refeição no La Closerie des Lilas, onde Hemingway tomava café da manhã nos anos 1920, e escrevia, entre um croissant e outro, "O sol também se levanta".

Fundado em 1847, o La Closerie des Lilas se transformou de um simples café florido ao ar livre, no local de encontro dos maiores artistas e pensadores de todo o mundo contemporâneo onde, reunindo durante um século e meio, todos os grandes poetas, de todas as mentes mais belas e mais talentosos artistas reconstruíram o mundo de acordo com a suas próprias e inebriantes ideias - e a lista é grande.

Além de Hemingway, outros americanos expatriados como Fitzgerald e Miller que lá fizeram seu ponto de encontro preferido em Paris na companhia de gênios como Émile Zola, Lênin, Paul Cézanne, Théophile Gautier, os irmãos Goncourt, Paul Verlaine, Apollinaire, Alfred Jarry, Paul Fort, Moréas, Salmon, Maeterlinck, Merrill Stuart, Barrès, Gide, Maurras, Jules Renard, Tristan Tzara, André Breton, Modigliani, Paul Fort, André Breton, Aragon, Van Dongen, Picasso, Jean-Paul Sartre, André Gide, Paul Eluard, Oscar Wilde, Beckett, Man Ray e Ezra Pound.

Anos se passaram, gerações se passaram e a tradição do local ainda vive. E na cozinha então, nem se fala - os meus pedidos preferidos são, como entrada, a Salade de Homard, prato o Filet de Bœuf Hemingway, Pommes Pont Neuf e de sobremesa o Assiette Gourmand.

171, Boulevard du Montparnasse
6ème arrondissement
Telefone: 01 40 51 34 50
www.closeriedeslilas.fr











domingo, 19 de outubro de 2014

O Halloween na Disneyland Paris



A Europa também se rendeu às comemorações do Halloween, festa dos dias das bruxas muito comum nos Estados Unidos, que atualmente é festejada em vários países.

Vários parques de diversões espalhados pela Europa já têm realizado eventos com o tema, como noites do terror, em decorrência da festa que se comemora durante o mês de outubro.

A Disneyland Paris oferece festas de terror entre bruxas, zumbis, aranhas e os mais malvados personagens de desenhos e contos e, nos finais de semana, apresentará desfiles de monstros e um encerramento especial com a festa de Halloween.

sábado, 18 de outubro de 2014

Hokusai no Grand Palais


Luta. ‘Tametomo dans l’île’ (’Tametomo na ilha’), de 1811: para curador, Hokusai é um ‘pai parcial’ do mangá
Foto: BRITISH MUSEUM / RÈunion des MusÈes Nationaux
"Tametomo na ilha’, de 1811: para curador, Hokusai é um ‘pai parcial’ do mangá

O jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou hoje uma boa matéria sobre
a retrospectiva de Hokusai que traz 500 obras ao Grand Palais e que é maior mostra do artista já realizada fora do Japão. Abaixo reproduzo e recomendo a leitura, segue o texto:
“Desde os seis anos de idade, tinha a mania de desenhar a forma dos objetos. Nos meus 50 anos, havia publicado uma infinidade de desenhos, mas tudo o que produzi antes dos 70 anos não vale a pena ser levado em conta. Foi na idade de 73 anos que compreendi mais ou menos a verdadeira estrutura da natureza, dos animais, das ervas, das árvores, dos pássaros, dos peixes e dos insetos. Consequentemente, aos 80 anos teria feito progressos; aos 90, penetraria no mistério das coisas; aos 100 anos, teria alcançado um grau de maravilha, e, quando tivesse 110 anos, em mim, seja um ponto ou uma linha, tudo seria vivo. Peço a todos que viverão tanto quanto eu que observem se mantive a palavra. Escrito na idade de 75 anos por mim, antes Hokusai, hoje Gadyôrôjin, o velho louco do desenho.”

Pintor, desenhista, ilustrador, gravurista, Hokusai, nascido em 1760, morreu em 10 de maio de 1849, antes de completar seu centenário, e portanto sem poder comprovar a prometida excelência de sua arte. Nem precisou. A história lhe legou o estatuto de um dos maiores artistas japoneses de todos os tempos, mais popularmente conhecido por sua série “Trinta e seis vistas do Monte Fuji” e “A grande onda”, ambas do início dos anos 1830. Sua extensa e variada obra é atualmente objeto de uma vasta retrospectiva organizada pelo museu Grand Palais, em Paris, com cerca de 500 trabalhos expostos até 18 de janeiro de 2015, a maior já feita fora do Japão.

A mostra foi dividida cronologicamente em seis períodos, mostrando as diferentes faces do artista e sua evolução estilística, com temáticas da vida cotidiana, de populares, samurais, cortesãs, da natureza e de paisagens. Ao longo de sua vida, ele trocou 33 vezes de nome e 93 vezes de moradia. O principal curador da exposição, o japonês Seiji Nakata, 63 anos, diretor do Katshushika Hokusai Museum of Art de Tsuwano, ficou fascinado pelos desenhos de Hokusai aos 9 anos de idade e acabou se tornando um dos maiores especialistas em sua obra.

— Hokusai mudava sempre de localidade para encontrar uma nova vida. Era uma nova busca, de novos objetos para sua pesquisa artística. Por vezes, ele se mudava pela manhã e, à tarde, já se encontrava novamente em outro endereço. Para ele, havia um único objetivo: saber o que é a verdadeira pintura. Ela fala da “pintura autêntica”, que hoje não sabemos o que quer dizer. Mas até morrer ele enfrentou todos os desafios nessa busca sem fim — diz Nakata.

DESPREZO DA ARISTOCRACIA

Hokusai é um artista do chamado período Edo (o nome na época da Tóquio de hoje), entre 1615 e 1868, no reinado da dinastia Tokugawa, uma era de paz e prosperidade econômica após séculos de guerra civil. Artista independente, expulso na juventude de sua primeira escola de pintura, morreu ignorado ou desprezado pela aristocracia da época.

— No Japão havia as classes mais distintas, reservadas aos “verdadeiros” pintores, e uma outra, inferior, para os artesãos. Hokusai trabalhava como artesão — nota Nakata.

Sua arte inspirou escritores e pintores franceses no final do século XIX e contribuiu para a difusão do “japonismo” na Europa. Sem falar nos mangás, as histórias em quadrinhos japonesas, que devem muito à imaginação e à arte de Hokusai.

— Sem dúvida, ele é, parcialmente, o pai da mangá — confirma Nakata.

Grand Palais
3, Avenue du Général Eisenhower
8ème arrondissement
Telefone: 01 44 13 17 17
www.grandpalais.fr

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Teste seu conhecimentos sobre brasileiros em Paris



Baseado no artigo publicado ontem (16) pelo colaborador da Folha de São Paulo em Paris, Lucas Neves, um livro mapeia o legado de brasileiros nas ruas de Paris. Segue o "quiz" contido naquela
matéria. É bem divertido, tente a sorte!

FAÇA QUIZ SOBRE BRASILEIROS EM PARIS

1. Que compositor de ópera pediu a d. Pedro 1º permissão para apresentar uma partitura de autoria deste na Salle Favart em outubro de 1831?
a. Gaetano Donizetti
b. Vincenzo Bellini
c. Gioachino Rossini

2. Como se chama o templo que os positivistas brasileiros ergueram no Marais, no prédio onde viveu a musa do filósofo Auguste Comte, Clotilde de Vaux?
a. Capela da Humanidade
b. Capela do Futuro
c. Capela do Progresso

3. Que poeta reprovou os improvisos de Villa-Lobos ao piano durante uma feijoada no ateliê de Tarsila do Amaral, no 18ème?
a. Blaise Cendrars
b. Jean Cocteau
c. Paul Eluard

4. Que outro arquiteto de renome projetou um edifício de residências estudantis vizinho, na Cidade Universitária (14ème), à Maison du Brésil de Lúcio Costa?
a. Le Corbusier
b. Mies van der Rohe
c. Walter Gropius

5. Qual destes acontecimentos NÃO está ligado à história da praça Colonel Fabien (19ème), em que fica a sede do Partido Comunista assinada por Niemeyer?
a. Dali saíram quase 10 mil voluntários franceses para lutar contra os nacionalistas na Guerra Civil Espanhola, nos anos 1930
b. Ali ocorreu o confronto mais violento entre manifestantes e forças de repressão no Maio de 68
c. Lá caíram os últimos insurgentes da Comuna de Paris, em 1871

6. Onde Santos Dumont promoveu a primeira corrida de triciclos motorizados (joguete da moda entre os "bon vivants" da belle époque) da França?
a. Bois de Vincennes
b. Jardin des Tuileries
c. Parc des Princes

7. Qual dos seguintes monarcas franceses enterrados na basílica de Saint-Denis, ao norte de Paris, teve o túmulo visitado por seu tetraneto, d. Pedro 2º?
a. Luís 13
b. Luís 14
c. Luís 15

Respostas: 1-C; 2-A; 3-B; 4-A; 5-B; 6-C; 7-C

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O legado de brasileiros em Paris vira livro

A Ópera de Paris é uma das atrações citadas no livro
Ópera de Paris é uma das atrações citadas no livro. Foto: Dmitry Smirnov

Segundo um artigo publicado hoje pelo colaborador da Folha de São Paulo em Paris, Lucas Neves, um livro mapeia o legado de brasileiros nas ruas de Paris. Segue a matéria, que reproduzo abaixo e recomendo a leitura.

"A caminho de Portugal, onde apearia do trono seu irmão Miguel, d. Pedro 1º (1798-1834) assentou acampamento em Paris entre 1831 e 1832, com a mulher, dona Amélia, e a filha Maria da Glória.

Ali, pretendia acumular apoio político, financeiro e logístico para a invasão. Sob a asa do monarca Luís Filipe, foi paparicado pelo "grand monde" tricolor como "imperador tropical" e era presença assídua nas catedrais culturais da época: Comédie Française, Ópera de Paris, teatro Odéon...

As andanças do então ex-imperador do Brasil à beira do Sena abrem o recém-lançado livro "A História do Brasil nas Ruas de Paris" (Casa da Palavra, 480 págs., R$ 59,90), do jornalista radicado na capital francesa Maurício Torres Assumpção, 48.

A pesquisa, desenvolvida ao longo de três anos, resultou em capítulos dedicados à construção de uma capela da Igreja Positivista do Brasil (que seguia os preceitos de Auguste Comte) em pleno Marais em 1905; à temporada parisiense de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) no começo dos anos 1920; e à missão conferida quatro décadas depois a Oscar Niemeyer (1907-2012) de desenhar a nova sede do Partido Comunista Francês, entre outros temas.

"Aos poucos, me dei conta de que, por trás de cada placa comemorativa [do feito de um brasileiro], iria encontrar histórias tão pitorescas que não ia dar para fazer um mero guia de cem páginas", conta Assumpção. "Acabou virando uma obra de história popular, à la Laurentino Gomes [de best-sellers como 1808']."

O formato de guia sobreviveu entretanto na seção de verbetes que encerra cada capítulo, com informações sobre como chegar aos locais ligados à história dos personagens retratados. Segundo o jornalista, o rastro deixado por eles na cidade é o da inovação, "seja nas proposições inéditas do traço de Lucio Costa (1902-1998) e Niemeyer, seja pelo viés do exotismo das partituras do Villa".

A lista de "candidatos" a um posto no livro bateu na casa dos 30 e chegou a incluir o ex-jogador Raí, considerado pela imprensa local um dos maiores da história do Paris Saint-Germain. Talvez ele seja escalado para o segundo volume.

O tomo deve iluminar também as biografias de aristocratas brasileiros que aportaram na Paris do século 19, como Eufrásia Teixeira Leite (1850-1930), namorada de Joaquim Nabuco, e a escritora e professora Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810-1885), precursora do feminismo.

Antes disso, o elenco do primeiro calhamaço pode ir parar na televisão. Assumpção negocia com o GNT a produção de uma série."

A HISTÓRIA DO BRASIL NAS RUAS DE PARIS
Autor Maurício Torres Assumpção
Editora Casa da Palavra
Quanto R$ 59,90 (480 págs.)


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O novo Musée Pierre Cardin abrirá no Marais



O emblemático Pierre Cardin inaugurará no dia 13 de novembro em Paris um novo museu que reunirá 200 modelos de alta costura e móveis de design emblemáticos de sua obra como estilista.

Em um espaço de 2.000 m² situado no bairro histórico do Marais —conhecido como um dos mais descolados da cidade— o museu batizado de "Passado-Presente-Futuro" substituirá um primeiro museu Pierre Cardin inaugurado em 2006, em Saint-Ouen, nos arredores da capital francesa.

As exposições apresentarão a trajetória de Pierre Cardin, atualmente com 92 anos, no mundo da moda, acessórios, joias e design, desde sua primeira coleção, em 1953.


terça-feira, 14 de outubro de 2014

Jornada de 35 horas semanais divide trabalhadores e patrões na França

Frédéric Dutertre e Maryse Quertier têm opiniões opostas sobre a discussão em torno de mudanças na lei de 35 horas semanais na França Foto: Fernando Eichenberg
Frédéric Dutertre e Maryse Quertier têm opiniões opostas sobre a discussão em torno de
mudanças na lei de 35 horas semanais na França. Foto de Fernando Eichenberg, do O Globo.
O jornalista correspondente Fernando Eichenberg, de O Globo, publicou no último domingo (12), uma boa matéria sobre as difíceis relações trabalhistas entre patrões e empregados quando confrontados com a possível mudança na jornada de trabalho de 35 horas semanais. Abaixo reproduzo e recomendo a leitura, segue o texto:

"A cabeleireira Maryse Quertier, de 54 anos, trabalha 39 horas semanais num salão em Paris. Por isso, tem direito a dois dias de folga extras por mês, a chamada RTT (redução do tempo de trabalho), prevista na legislação francesa. Ela é a favor da lei de 35 horas semanais — em vigor desde 2000, mas questionada em momentos de crise —, embora avalie que o objetivo principal da medida, o aumento do número de empregos no país, não tenha sido cumprido:

— Mudar a lei e aumentar a carga horária não vai mudar isso. Não será bom para os franceses e nem para o país.

Seu patrão, Frédéric Dutertre, de 43 anos, proprietário do salão, não é da mesma opinião.

— Sou obrigado a trabalhar 50 horas semanais para compensar. Não tenho condições de contratar mais um empregado e, como o horário de trabalho dos meus funcionários não é suficiente para manter o salão, tenho de trabalhar mais — diz Dutertre, que emprega quatro pessoas.

CUSTO DE PRODUÇÃO ALTO

Uma recente pesquisa de opinião reforçou os argumentos dos opositores da lei. Sondagem do instituto Odoxa mostra que 61% dos franceses são a favor de uma revisão da lei de 35 horas no sentido de adaptar o tempo de trabalho ao tamanho e ao setor das empresas. Entre os entrevistados do campo conservador, o índice alcançou 74%, mas surpreendeu a porcentagem entre os simpatizantes da esquerda, de 56%.

Desde sua entrada em vigor, em 1° de janeiro de 2000, a lei se tornou alvo de debate na França. Hoje, a legislação, criada como uma conquista social do governo do primeiro-ministro socialista Lionel Jospin, volta a ser contestada, considerada entrave à competitividade das empresas e ao crescimento econômico do país.

O economista Christian Saint-Étienne, autor do livro “França: estado de urgência”, defende o fim da imposição:

— A França sofre com as 35 horas, que nos levou a um dos custos de produção mais altos da Europa. Nosso problema maior é a combinação de fatores: o alto custo do trabalho e a rigidez do mercado de trabalho.

Para ele, as reformas promovidas desde a criação da lei foram superficiais, e são necessárias alterações mais profundas:

— Hoje, três quartos da população ativa com emprego estável trabalham 35 horas semanais. Não se trabalha o suficiente no país. Para sair da crise, a França precisa de investimentos em inovação, e com o trabalho custoso e rígido, isso não vai ocorrer.

O governo do socialista François Hollande reavivou o debate. Antes de assumir o Ministério da Economia, em agosto, Emmanuel Macron já havia apontado aspectos negativos da lei. Uma vez no cargo, viu-se obrigado a amenizar suas declarações, mas manteve aberta a possibilidade de mudanças na legislação.

— Não se trata de criticar as 35 horas em si, mas de tentar ser inteligente e concreto para satisfazer a vida das pessoas. Há empresas em que as 35 horas são uma boa coisa, com as quais as pessoas convivem bem. Para outros setores e categorias, elas não parecem adaptadas hoje — admitiu Macron recentemente.

PROPOSTA DE ATÉ 44 HORAS

A lei das 35 horas não se revelou crucial na criação de novos postos de trabalho no país, que tem taxa de desemprego na faixa de 10%. Em sua nova proposta para criar “um milhão de vagas” em cinco anos, o Medef, organização patronal francesa, inspirou-se no sistema britânico, no qual o tempo de trabalho é negociado em acordos entre patrões e empregados. A legislação já foi flexibilizada por uma série de medidas no governo de Nicolas Sarkozy — alcançando médias anuais de 39,5 horas, como em 2011 —, mas Pierre Gattaz, presidente do Medef, sugere que o limite chegue a 44 horas semanais. O Medef quer a supressão do limite legal do Código de Trabalho e o estabelecimento de remuneração de 25% a mais das oito primeiras horas trabalhadas além das 35 horas.

Os sindicatos franceses reagiram pressionando o governo e criticando os empresários.

— Os assalariados têm necessidade de garantias, e a garantia para a convivência é ter um Código do Trabalho. O código é fruto de uma relação social, questioná-lo sistematicamente provocará consequências — alertou Thierry Lepaon, presidente da Confederação Geral do Trabalho (CGT).

O sindicalista destaca que os empresários receberam generosos auxílios do governo para efetuar a passagem das 39 horas para as 35 horas semanais.

“Não se toca nos totens do progresso social”, defendeu, por sua vez, o presidente da Assembleia Nacional, o socialista Claudio Bartolone. Já o grupo parlamentar dos ecologistas disse que a mudança seria “total inépcia”.

Para o empresário Dennis Jacquet, presidente da associação Estimular o Crescimento, “nem todo mundo usa o mesmo jeans”, e o assunto deve ser negociado entre patrões e empregados.

Os presidenciáveis da União por um Movimento Popular (UMP), principal partido de oposição, anunciaram que se a direita voltar ao poder elegerá como prioridade o fim das 35 horas.

No vaivém do debate, o pesquisador Philippe Askenazy, da Escola de Economia de Paris, diz que é hora de voltar a “uma ideia simples”: o tempo de trabalho é uma dimensão essencial das condições de trabalho, da saúde e do desempenho dos franceses, não um “indicador ideológico”."