segunda-feira, 27 de julho de 2015

Honfleur, uma pérola entre a Mancha e o Sena



Outro dia fomos até Honfleur, uma pequena cidade que fica na Baixa-Normandia, no departamento
de Calvados, no noroeste da França e está localizada na margem sul do estuário do Sena em frente
a Le Havre e muito próxima à Pont de Normandie.

Quando digo pequena, é porque é pequena mesmo: menos de 9 mil habitantes (e tem essa média
desde o censo de 1793) em menos de 14 km² - apenas como comparação, Búzios tem cerca de 28
mil habitantes em cerca de 70km².

É um lugar especialmente conhecido pela sua idade: a primeira menção escrita de Honfleur foi escrita
por Richard III, Duque da Normandia, em 1027 e, até meados do século 12, a cidade representava um
ponto de trânsito significativo para bens vindos de Rouen a caminho da Inglaterra.

Seu porto é bonito e muito pitoresco, caraterizado por casas com fachadas cobertas de ardósia que
já serviram para muitos pintores como Gustave Courbet, Eugène Boudin, Jongkind Johan e até Claude Monet, formando a “École de Honfleur”, que contribuiu para o surgimento do Movimento Impressionista e uma de suas igrejas, a Église de Sainte-Catherine, possui um campanário separado do edifício principal e é a maior igreja feita de madeira da França.

Como está situada no estuário do Sena, Honfleur aproveitou de sua posição estratégica desde o início da Guerra dos Cem Anos e teve suas defesas por Charles V, a fim de proteger o porto de ataques ingleses e até serviu de ponto de partida para ataques franceses para saquear as costas inglesas, como ocorreu na cidade de Sandwich, em Kent, na década de 1450.

Contudo, bem antes disso, Honfleur foi tomada e ocupada pelos ingleses no ano de 1357 e também entre os anos de 1419 a 1450, mas com o fim da Guerra dos Cem Anos, Honfleur se beneficiou do crescimento do comércio marítimo até o final do século XVIII.

A cidade ainda serviu como porto para a saída de expedicionários e colonizadores durante os séculos XVI e XVII, como Binot Gonneville Paulmierde, para às costas do Brasil em 1503, Jean Denis Honfleurais partiu para a Terra Nova ilha e da foz do São Lourenço em 1506 e, em 1608, uma expedição liderada por Samuel de Champlain, fundou a cidade de Quebec (hoje no Canadá).

A partir do início do século XVII, como não poderia deixar de ser, Honfleur prosperou com o comércio com o Canadá, com as Antilhas e com as costas africanas e dos Açores, se tornando um dos principais portos de escravos de toda a França mas, no entanto, as guerras da Revolução Francesa e do Primeiro Império, e em particular o bloqueio continental, causou a ruína de Honfleur que só veio a se recuperar parcialmente ao longo do século XIX, com o comércio de madeira para todo o norte da Europa.










segunda-feira, 20 de julho de 2015

Paris Plage: a Cidade Luz inaugura sua praia temporária


Desde 2002, a Paris Plage – uma das mais famosas praias artificiais do mundo - leva milhares de turistas às margens do Rio Sena. Em sua 14ª edição e com cerca de um quilômetro de comprimento e com direito a palmeiras, chapéus de sol coloridos e muitas atividades de rua - vai do Musée du Louvre ao Canal Saint-Martin, para onde são transportadas cinco mil toneladas de areia para o local, que serve ainda de palco a espetáculos e festivais pela noite dentro.

Essa praia improvisada no coração de Paris tenta oferecer clima de férias aos turistas e moradores e estará aberta ao público a partir desta segunda-feira (20) até o dia 23 de agosto e nela todos poderão curtir o sol do verão do hemisfério norte, relaxar, ver exposições e praticar esportes aquáticos.

Segundo a Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, "A ideia é que quem não puder sair da cidade no verão também desfrute do tempo livre para relaxar", e também informou que a ideia é inspirada em cidades como Barcelona, "que soube reconquistar o mar".

Todas as atividades oferecidas são gratuitas e incluem novidades como esportes aquáticos, máquinas para fabricar cartões postais e uma biblioteca temporária onde são dados conselhos de leitura, com 300 títulos à disposição, a instalação de uma pequena fazenda, de um clube náutico, a realização de um baile para crianças, aulas de tiro ao alvo e a segunda edição do "Le Louvre à Paris Plages", uma iniciativa para levar o emblemático museu do Louvre às ruas da cidade.

"Faremos várias oficinas lúdicas para as crianças, mas também para os adultos, para que conheçam algumas das coleções que temos no museu, como a que viaja em torno da chamada "O Egito dos Faraós", para, definitivamente, despertar sua curiosidade pela arte", explicaram os responsáveis pela atividade. Com informações da EFE.








terça-feira, 14 de julho de 2015

O 14 de Julho e seu verdadeiro significado na França


Há mais de dois séculos os franceses param nesse dia para celebrar a tomada da histórica prisão por revolucionários, em frontal desacato ao poder real, certo? Não, está errado segundo o jornalista francês Olivier Tosseri e o próprio site de informações oficiais do governo da França.

Apesar do senso comum afirmar que no dia 14 de julho é comemorada a queda da Bastilha, ato que marcou o início da Revolução Francesa em 1789, pouca gente sabe que, no entanto, a data entrou para o calendário cívico daquele país como a celebração de outro evento: a Festa da Federação, realizada em 14 de julho de 1790.

A escolha do evento a ser celebrado foi feita no fim do Século XIX, quando a Terceira República da França buscava consolidar o novo regime e construir um imaginário nacional próprio. Em 1880, o deputado Benjamin Raspail propôs o dia da tomada da Bastilha como data da festa nacional. Alguns parlamentares, no entanto, lembraram a violência que havia marcado aquela jornada revolucionária, quando o povo de Paris cortou a cabeça do governador da prisão e linchou os veteranos encarregados de vigiar os prisioneiros.

Por conta do caráter polêmico da tomada da Bastille, os deputados preferiram escolher a manifestação de 1790, por ser mais consensual. A Festa da Federação marcou o momento em que, após os enfrentamentos do ano anterior, o povo francês se reconciliou.

A partir do dia 1º de junho de 1790, operários trabalharam ao lado de burgueses para transformar o Champ de Mars, em Paris, em um imenso circo com capacidade para 100 mil pessoas, no centro do qual se erguia o Altar da Pátria. A reforma, para a qual se recorreu à boa vontade dos parisienses, foi realizada em um clima de fraternidade e entusiasmo. Até mesmo o rei Louis XVI foi visto empunhando uma enxada, assim como o Marquis de La Fayette, nobre que apoiava a revolução, apareceu em mangas de camisa.

Naquele momento a França ainda não era uma República. A agitação social do ano anterior havia levado a monarquia a aceitar uma Constituição. Até ali, os franceses ainda respeitavam seu rei, contanto que ele observasse as leis e a autoridade emanadas do povo. A Festa da Federação foi organizada justamente para celebrar uma decisão da Assembleia Constituinte de 7 de junho de 1790, que reunia as diversas milícias de cidadãos formadas nas províncias.

Assim, no dia 14 de julho de 1790, cerca de 100 mil soldados federados entraram em Paris e desfilaram da Bastille ao Champ de Mars. Louis XVI, a rainha Marie Antoniette e o delfim (príncipe herdeiro) instalaram-se no pavilhão montado em frente à École Militaire. Do outro lado, haviam erigido um arco triunfal. Nas tribunas, acotovelavam-se 260 mil parisienses.

Por fim, no ponto alto da celebração, La Fayette jurou fidelidade à nação, ao rei e à lei, juramento repetido pela multidão. Louis XVI jurou fidelidade à Constituição. Um Te Deum (hino litúrgico) encerrou a jornada, que terminou em vivas e abraços.

Não se contestou a monarquia, ratificou-se a revolução e se celebrou a união nacional. Foi esse espírito que os deputados do Século XIX quiseram associar ao 14 de julho. Na memória coletiva, porém, a data sempre será lembrada como o dia em que o povo tomou a Bastille, o maior símbolo do absolutismo francês.

Este ano o tradicional desfile militar na Avenue des Champs-Elysées, decorada desde o Arc du Triomphe até a Place de la Concorde com as cores da bandeira francesa, branca, vermelho e azul, teve duração de 1h25 – das 10h30 às 11h55 – e contou com 3.500 tropas, 208 veículos, 240 cavaleiros da Garde Républicaine, 55 aviões e 31 helicópteros.

O Presidente François Hollande, autoridades francesas e estrangeiras assistiram ao desfile na já tradicional tribuna de honra, montada ao pé do Obélisque de Luxor e seu ponto alto foi o show aéreo, com especial destaque para os caças Rafale, para os aviões de reabastecimento e para os helicópteros de combate.






segunda-feira, 6 de julho de 2015

Le Chateaubriand, Chez L’Ami Jean e Bread & Roses

Esta semana temos três novas dicas de bons restaurantes e bem diferentes entre si: a primeira delas é o Bread & Roses (semelhante a um Garcia & Rodrigues / Forneria San Paolo, mas bem melhor), em dois endereços, um no 25 da Rue Boissy d’Anglas, perto da Madeleine, no 8ème arrondissement e outro no 7 da Rue de Fleurus, em Saint Germain des Près, no 6ème arrondissement.

Podemos até dizer, sem medo de errar, que é mais uma excelente padaria e delicatessen do que propriamente um restaurante. Entretanto, sua dedicação à qualidade de seus produtos é inegável: dos pães, às saladas e aos pratos e quiches.

O ambiente é austero, de bom gosto, com piso em pedra Borgonha, móveis de cerejeira, sem um vestígio de fumaça e uma excelente música de fundo que propicia relaxamento.



Outro é o Chateaubriand, que tem uma uma cozinha moderna, muito boa e que fica no 129 da Avenue Parmentier, no 11ème arrondissement.

O Chateaubriand é um lugar legal, discreto e que ainda não "explodiu" e talvez por isso ainda seja tão democrático e acessível e, em conjunto com sua falta de pompa e circunstância, tão divertido.

Lá encontramos um ótimo menu com cinco pratos e o restaurante é um defensor dos “vinhos naturais”, o que convenhamos, não é para o gosto de todos, mas eles não estão nem aí.



Já para sabores diferentes, temos o Chez l'Ami Jean, de cozinha basca, no 27 da Rue Malar, no 7ème arrondissement, afinal, quem não gostaria de provar as tão afamadas especialidades bascas sem quer que ir ao nordeste espanhol?

No Chez L’Ami Jean você encontra a verdadeira cozinha basca, em toda a sua autenticidade, como no Omelete “Façon Saint Jean de Luz” ou ainda no Mingon de Porc e no Ris au Pied d’Agneau.

E, segundo frequentadores e turistas (que normalmente são pão-duros), seus preços são moderados.